Título: Secom tinha poder sobre contratos dos Correios
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/07/2005, País, p. A3
O ex-presidente dos Correios Airton Dipp confirmou, ontem na CPI mista dos Correios, que a Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom), subordinada a Luiz Gushiken, tinha maior participação na comissão de licitação de contratos de publicidade do que a própria estatal. Conforme decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os Correios teriam o direito a indicar dois integrantes da comissão, o Ministério das Comunicações outro participante e a Secom mais dois. Dipp confirmou que os editais tinham maior participação dos técnicos da Secretaria de Comunicação do que de funcionários dos Correios.
- Os editais foram feitos em maior parte pela Secom - afirmou Dipp.
A participação da secretaria seria mais efetiva nos contratos que superassem R$ 50 mil. Uma dessas licitações, que teve maior participação da Secom, culminou no contrato da agência de publicidade SMPB, de Marcos Valério, apontado como sendo um dos operadores do mensalão e avalista de dois empréstimos feito ao PT.
É nessa comissão de licitação, de acordo com o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), estaria Marco Antônio da Silva, diretor de eventos da Secom, casado com Telma dos Reis, que, por sua vez, trabalhou para uma das empresas de Marcos Valério.
Também em depoimento à CPI s, o ex-diretor dos Correios João Henrique Souza negou responsabilidade na assinatura de aditivos milionários em contratos que beneficiaram as empresas SMP&B e Skymaster, que opera o correio aéreo noturno. Confrontado com as cópias dos aditivos que ele mesmo assinou, reajustando em R$ 18 milhões um contrato de publicidade da SMP&B por apenas 23 dias no fim do ano passado, ele acabou admitindo que tinha alguma coisa ''esquisita'' que precisava ser explicada.
João Henrique explicou que no caso do aditivo do contrato de publicidade da SMP&B, que pulou de R$ 72 milhões para R$ 90 milhões quando faltavam apenas 23 dias para vencer, pode ter sido induzido a erro pelos assessores.