Título: Freio na economia em 2005
Autor: Janaína Leite
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Economia, p. A21

Em 2005, a atividade econômica no Brasil vai desacelerar, por conta da alta do petróleo. A projeção é de 100 analistas e corretoras do mercado financeiro ouvidas na pesquisa semanal Focus, do Banco Central. As apostas se concentraram em um menor crescimento do Produto Interno Bruto em 2005. Na média, o PIB do próximo ano vai crescer 3,50%. Há quatro semanas, a taxa de expansão esperada para o mesmo intervalo era de 3,55%. - A elevação do petróleo mexe em todas as outras variáveis da economia e reduz os investimentos - explica a economista-chefe do Banco Espírito Santo, Sandra Utsumi. - E o ajuste no mercado interno ainda não está terminado. Trabalhamos com a possibilidade de novas altas dos juros.

Desde o último dia 20, a taxa básica de juros (Selic) está em 16,75% ao ano, 0,5 ponto percentual além do que vinha sendo praticado até então. A perspectiva de crescimento neste ano, no entanto, subiu de 4,53% para 4,56%.

Há um mês, os pesquisados pelo BC jogavam suas fichas em um crescimento de 4,13% na produção industrial em 2005. É menos do que os 4,17% registrados agora. O percentual ficou abaixo da estimativa de 4,5%, registrada há duas semanas, antes do anúncio do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), que decidiu pela subida dos juros.

A estimativa para este ano, no entanto, é de que a produção industrial cresça 7,20%, contra os 7,18% verificados na última sondagem.

- Não sei se houve tempo para os agentes refletirem na atual projeção a alta integral dos juros. É provável que os números do próximo levantamento sejam ainda mais conservadores - observa Utsumi.

Mesmo sem ter repassado o ajuste do Copom, cresceu a estimativa dos juros para o próximo ano. O consenso mostrou uma taxa média de 16,19%, ante 16,33%, em 2005. Neste ano, a perspectiva de a Selic encerrar o ano em 17% foi mantida.