Título: Delegada de Manaus debate caso Benício
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2004, Brasília, p. D-4

A delegada Maria das Graças Silva, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Manaus, desembarcou ontem à noite em Brasília. Hoje, ela participa do segundo dia do Fórum de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes - A análise do caso Amazonas, e deverá contar como estão as investigações em Manaus sobre o envolvimento de empresários e políticos com garotas de programa menores de idade durante um passeio de barco no Rio Negro. Dentre os acusados está o presidente da Câmara Legislativa, Benício Tavares (PMDB). À tarde, a delegada tem um encontro marcado com o corregedor da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PMDB), que investiga a suposta participação de Benício na orgia. Maria das Graças pretende ainda consultar os depoimentos do distrital, de seu chefe de gabinete, Randal Mendes, e do advogado Marco Antônio Etiel, prestados à Corregedoria da Polícia Civil. Segundo ela, o quarto envolvido ouvido pela polícia, Flávio Talmelli (que fretou o barco), terá que ser ouvido novamente em Manaus.

- Ele apenas contou uma história, não participou de um interrogatório. Há respostas que estão faltando - disse. Talmelli tem a prisão decretada por um juiz de Manaus.

Benício preside hoje a segunda sessão desde que retornou à Casa, quinta-feira passada. A bancada do PT, no entanto, ameaça obstruir as votações. A decisão é acompanhada por Augusto Carvalho (PPS) e Peniel Pacheco (PSB). A líder petista, Arlete Sampaio, promete cobrar a votação do requerimento pedindo afastamento definitivo de Benício da presidência.

Representações - Quatro das 17 representações feitas por distritais contra colegas já ganharam parecer do corregedor da Casa. Três foram encaminhadas à Comissão de Ética e uma será entregue hoje à presidente da comissão, Anilcéia Machado (PMDB). Lima tem até o dia 17 de novembro para fechar os pareceres.

Para o corregedor, as representações não figuram quebra de decoro. Uma delas é a do ex-deputado Carlos Xavier contra Augusto Carvalho (PPS). Em entrevistas à época das investigações a Xavier na Câmara, sob acusação de assassinato de um jovem de 17 anos, Augusto disse que o distrital cassado estava em ''estado de putrefação''. Também foi recomendado o arquivamento da representação de Augusto contra Xavier, por ter estacionado em vaga para portador de necessidades especiais. (MS)