Título: CNI revê crescimento para baixo
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 15/07/2005, Economia & Negócios, p. A20

A taxa básica de juros (Selic) continua sendo a vilã do crescimento da economia brasileira, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Devido ao período de alta da taxa entre setembro de 2004 e maio, a CNI reduziu de 4% para 3,2% a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2005, de acordo com o Informe Conjuntural trimestral, divulgado ontem.

A projeção para o PIB industrial - formado pelo desempenho das indústrias de transformação, extrativa, construção civil e serviços industriais - também foi reduzida, passando de 4,8%, na primeira avaliação, para 4,2%. Para a indústria de transformação, a projeção de crescimento passou de 4,8% para 3,8%.

- Quando fizemos a análise do PIB no primeiro trimestre do ano, prevíamos que a elevação dos juros fosse menos intensa e por um período menos duradouro. Por isso nossa projeção de crescimento da economia era maior - diz o analista econômico da CNI, Paulo Mol.

O Comitê de Política Monetária (Copom) só decidiu em junho deste ano interromper a trajetória de nove meses seguidos de elevações da Selic. A próxima reunião do Copom será nos dias 19 e 20 desse mês.

Mol prevê a retomada do crescimento da economia brasileira no segundo semestre do ano, com o início do processo de redução da Selic até setembro fim do período de desaceleração da atividade industrial.

Na avaliação da CNI, as exportações foram o motor de sustentação da economia brasileira, devido principalmente ao aumento da demanda de Estados Unidos e China.

- O ritmo de crescimento das exportações está superando as expectativas - afirma Paulo Mol.

A previsão da CNI é que as exportações brasileiras devem chegar a US$ 114 bilhões ao final deste ano, o que representa um aumento de 18% em relação a 2004. O superávit comercial previsto pela CNI é de US$ 38 bilhões, acima do valor alcançado no ano passado que foi de US$ 33,3 bilhões. A previsão anterior da CNI era de um superávit de US$ 32 bilhões.

Para a CNI, no mercado interno houve redução dos investimentos devido ao impacto dos juros altos e expectativa de menor crescimento da demanda. A previsão para o crescimento do indicador de investimento foi cortado à metade, de 8,5% para 4%.

- Os investimentos foram os que mais sentiram o abalo da alta dos juros - afirma Mol.