Título: Brasil lidera inflação no Mercosul em 2004
Autor: Chile teve a menor taxa da região
Fonte: Jornal do Brasil, 15/07/2005, Economia & Negócios, p. A20

Choques cambiais e aumento de tarifas de serviços públicos pós-privatização do setor deram, de modo geral, a tônica da inflação do Mercosul nos últimos anos. E o Brasil ganhou destaque. No ano passado, o país registrou a maior variação média de preços entre os integrantes do bloco, de 7,7%. É o que releva o Índice de Preços ao Consumidor Harmonizado (IPCH), que também inclui o Chile, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e antecipado pelo Informe Econômico do JB.

De 2000 a 2004, o Brasil ficou com a segunda maior taxa de inflação dos cinco países - 53,5%. No acumulado dos quatro anos, o Uruguai teve a taxa mais alta (63,2%). Argentina e Paraguai registraram patamares semelhantes (52,9%) e (51,7%). O Chile, economia mais estável da América do Sul, apresentou índice de 16,1%.

O IPCH utiliza dados de preços coletados nos diversos países pelos respectivos órgãos de estatística, mas alguns itens são excluídos ou reagrupados para possibilitar a comparação. O novo índice será divulgado trimestralmente. Para o IBGE, os efeitos do câmbio e dos aumentos de tarifas foram os principais propulsores da inflação desde 2000. As variações do dólar só não afetaram o Chile.

O fim da paridade do peso com o dólar na Argentina, em 2001, fez a inflação disparar em 2002 (42,4%) no país vizinho. Antes, com o câmbio fixo, houve deflação em 2000 e 2001, quando o país já atravessava um período de recessão. A crise da Argentina, que entrou em moratória e limitou os saques bancários, afetou o Uruguai, onde argentinos tinham depósitos.

No Uruguai, a inflação chegou a 27% em 2002. Naquele ano, o Brasil sofreu com a crise de confiança causada pelas eleições presidenciais, quando o dólar bateu em R$ 4, que também afetou o Paraguai.

Uma característica comum aos cinco países foi a elevação das tarifas públicas e preços administrados. No Brasil, subiram acima da inflação energia e combustíveis (55,1%), transportes (59,4%) e comunicações (79%) entre 2000 e 2004.

- Em parte, foi um efeito da fase pós-privatização, quando os preços foram realinhados - disse o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.