Título: Assessor de Maia também foi ao Rural
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/07/2005, País, p. A2

O levamento do deputado Rodrigo Maia apontando a relação entre os saques de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador financeiro do mensalão, e a ida de assessores de parlamentares à agência do Banco Rural em Brasília omitiu seu próprio nome. Um motorista do líder do PFL na Câmara esteve quatorze vezes na agência bancário entre 2003 e 2004. Em pelo menos um dos dias, a ida coincide com saques de altas quantias feitos das contas das agências de Valério.

Segundo Rodrigo Maia, o motorista esteve na agência para pagar um boleto de posto de gasolina do Rio. O líder do PFL garantiu ainda ter enviado as explicações à CPI dos Correios. O levantamento do pefelista despertou a irritação de congressistas ontem. Citado por Maia, o deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) protocolou ontem um pedido de cassação do líder do PF por quebra de decoro parlamentar.

A denúncia, veiculada quinta-feira pelo Jornal Nacional, cita familiares e funcionários dos gabinetes de deputados que teriam passado pela agência bancária, além do deputado Josias Gomes (PT-BA). Segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), o suposto mensalão era pago nessa agência.

Segundo Maia, em alguns dos dias em que ocorreram as visitas, o Coaf registrou saques de até R$ 200 mil de contas de empresas do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão.

A representação de Seixas contra Maia foi entregue à Mesa Diretora da Câmara, que encaminhará o processo à Corregedoria da Casa. A Corregedoria decidirá pelo arquivamento ou pelo envio do caso ao Conselho de Ética, que pode dar parecer pela perda do mandato.

- Entrei com a representação para que o caso seja esclarecido. Isso está virando histeria política, onde vamos parar? Houve abuso da prerrogativa de parlamentar. Foi uma profunda leviandade e só a perda do mandato há de reparar esse erro - justificou Seixas, que disse ter enviado à CPI dos Correios cópia do canhoto do cheque que sua assessora foi sacar no banco na data apontada.

Todos os parlamentares petistas citados negam irregularidades. Os deputados Devanir Ribeiro (SP) e Wasny de Roure (DF) divulgaram notas nas quais negam envolvimento com o suposto mensalão e também prometem levar o caso à Corregedoria.

Afirmam ainda que em ao menos em três dos nove casos relacionados por Maia os dados não conferem. Em dois deles, os petistas afirmam se tratar de homônimos. No terceiro caso, Wasny de Roure diz que na data citada ele nem sequer havia sido eleito e, portanto, não tinha assessor.

A assessoria de Maia reconheceu que não checou os nomes para conferir se eles eram homônimos. Maia disse ter apresentado à TV Globo uma ''análise primária'', com a ressalva de que o cruzamento teria de ser checado.

Com Folhapress