Título: Informações sigilosas devem ser enviadas até terça
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 16/07/2005, País, p. A2

Após pressões da CPI dos Correios, o Banco Central determinou que os bancos têm até terça-feira às 18h30 para enviar as informações relativas a empresas e pessoas físicas que tiveram quebra de sigilo bancário determinada pela comissão. Ontem o presidente da CPI dos Correios, senador Delcidio Amaral (PT/MS), reuniu-se com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles para cobrar maior agilidade na entrega de documentos.

Segundo Delcídio Amaral, as informações mais importantes que ainda não chegaram à CPI são da agência do Banco Rural instalada no Brasília Shopping, onde políticos e seus assessores teriam feito saques do suposto pagamento do mensalão. A CPI quer ainda informações do Banco do Brasil e de outras instituições financeiras.

No entanto, o principal alvo das investigações é o publicitário Marcos Valério de Souza, acusado de operar o mensalão, suas empresas DNA Propaganda e SMP&B, seus sócios e também os funcionários.

Caso os bancos não enviem as informações solicitadas até o prazo estipulado, o Banco Central pode instaurar um processo administrativo.

De acordo com o senador Delcidio Amaral, o presidente do Banco Central já havia enviado ofício aos bancos estabelecendo o prazo na tarde da última quinta-feira. Para o senador, antes do fim do prazo estabelecido os bancos já devem enviar as informações ao Banco Central, que é responsável por repassar os dados para a CPI. Segundo Delcídio Amaral, com isso, os depoimentos na CPI marcados para a próxima semana não seriam prejudicados.

Para a oposição os documentos são essenciais e devem ser analisados antes dos depoimentos do ex-tesoureiro Delúbio Soares e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, previstos para a próxima semana.

O senador Delcídio Amaral acrescentou que a CPI está perto de entrar em uma nova fase, a de cruzamento de dados e investigações.

- Temos muitos documentos, já fizemos várias oitivas. A partir de agora, a CPI tem que entrar no trabalho de investigação, de estudo, de cruzamento de dados - afirmou.

Para o senador, a demora no envio dos documentos é meramente burocrática e não política. A explicação de Henrique Meirelles para a demora é que no caso de informações sigilosas, poucos funcionários podem ter acesso aos dados.