Título: Documentos da DNA já estão na comissão
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/07/2005, País, p. A2

A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) levou ontem para a CPI dos Correios parte dos documentos apreendidos em Contagem na casa de Marco Túlio Prata, irmão de Marco Aurélio Prata, contador do empresário Marcos Valério, apontado como um dos operadores do mensalão.

As notas levadas pela senadora referem-se à prestação de serviços da DNA Propaganda ao Banco do Brasil, Telemig Celular, Brasil Telecom e Ministério do Trabalho. Todas com valores altos e que seriam queimadas nos mesmos tonéis onde foram destruídos outros documentos da empresa.

A senadora disse estranhar que notas fiscais com valores altos e recentes - a mais antiga dessas data de 2002 - fossem queimadas.

- É claro que existe grande suspeição com relação a isso porque um empresário não queimaria uma nota que dá segurança contábil a ela. Não tem justificativa.

A nota com valor mais elevado refere-se à prestação de serviços à Telemig Celular: R$ 1,37 milhão com data de 19 de dezembro de 2002. Portanto, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. A nota do Banco do Brasil, onde Valério tinha contrato, era de R$ 540 mil e datava de 19 de agosto de 2003.

Heloísa Helena explicou que as notas fiscais não são necessariamente frias. Para averiguar a veracidade dos documentos, ela pedirá à CPI que ordene às empresas que constam das notas que enviem a segunda via à comissão e comprovem a efetiva prestação do serviço.

Os integrantes da comissão ainda confrontarão a emissão das notas com a movimentação financeira das empresas de Valério para saber se os recursos envolvidos foram efetivamente depositados.

O Ministério Público e a Polícia Civil chegaram à casa do ex-policial depois de ouvirem um diálogo telefônico em que Marco Túlio, investigado por homicídio, fala que ''quebraria a cara'' quem procurasse ''os documentos''. A polícia agiu rápido para achar esses papéis. A CPI, por sua vez, temia a contestação da operação pelos advogados de Marco Valério.

Pouco tempo depois da operação, Marcos Valério foi ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, passar informações para colaborar com as investigações. Valério pediu benefícios em uma eventual ação penal. O procurador recusou. (FP)