Título: Dinheiro falso nas malas da Universal
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 16/07/2005, País, p. A6

A Polícia Federal informou ontem que foram encontradas notas falsas em meio aos R$ 10,2 milhões em dinheiro apreendidos na última segunda feira com o deputado João Batista Ramos da Silva num avião fretado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no Aeroporto Internacional de Brasília. Além disso, foram identificados pelo menos R$ 2.000 em notas de R$ 100 com numeração em seqüência.

Os R$ 10,2 milhões que estavam guardados no Banco Central à disposição da Justiça foram recontados nesta sexta-feira pela empresa Confederal, que presta serviços para a Caixa Econômica Federal. O dinheiro foi depositado ontem numa conta da Caixa em Brasília. Segundo a PF, essa conta foi aberta em nome da Universal, mas o dinheiro permanece bloqueado à espera de decisão da Justiça.

A PF não divulgou quantas cédulas falsas foram identificadas nem mesmo o valor unitário das notas. Quanto à numeração em série, a PF já havia constatado a existência de um maço de notas de R$ 50. A PF informou que as notas numeradas foram encontradas numa amostra analisada, não na totalidade dos R$ 10,2 milhões, mas não divulgou o tamanho da amostra.

O delegado de crimes financeiros da PF, David Servullo Campos, já recebeu ofício da Justiça Federal consutando-o sobre a necessidade de manter o bloqueio do dinheiro. O ofício já é resultado de um mandado de segurança ajuizado quinta-feira pela Universal na Justiça Federal em Brasília pedindo a liberação dos recursos. A PF já adiantou que vai se manifestar contra o desbloqueio, pois entende que é preciso aprofundar a investigação sobre a origem dos recursos. A PF também pediu ao Cindacta o plano de vôo do avião em que viajava o deputado com as malas de dinheiro.

No Supremo Tribubal Federal, a abertura de inquérito para apurar se o deputado e bispo da Igreja Universal, João Batista Ramos da Silva (expulso do PFL), pode ser indiciado por crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro ou evasão de divisas, depende agora do parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

Mas - no mesmo dia em que a presidente em exercício do STF, ministra Ellen Gracie, encaminhou ao chefe do Ministério Público o inquérito policial sobre o dinheiro apreendido - o ministro Gilmar Mendes, relator de um inquérito que João Batista e o senador Marcelo Crivella respondem no STF, desde outubro do ano passado, determinou que os parlamentares sejam ouvidos pela PF, num prazo de 90 dias.

O deputado João Batista e o senador Crivella são acusados de falsidade ideológica e crime contra a ordem tributária.