Título: Agricultura sustenta a economia
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 17/07/2005, Internacional, p. A14
No passado, a economia do Níger estava baseada em minas de urânio, até que, na década de 80, a exploração declinou e a agricultura se tornou o principal meio de subsistência da população. Entretanto, apesar de ter um território quase cinco vezes maior que o do estado de São Paulo, apenas 4% de suas terras são cultiváveis, já que a maioria do país é tomada pelo deserto de Sahel, formado com a transgressão do Saara.
- Mesmo assim, não consigo imaginar outra atividade com a qual Níger possa munir sua economia a curto ou médio prazo - revela ao JB Ludger Herrmann, especialista em avaliação de solo africano da Universität Hohenheim, em Stuttgart (Alemanha).
Segundo a Unicef, por causa da seca e da infestação de gafanhotos, o déficit de cereal este ano é de 223 mil toneladas. Mas Herrmann alerta que não é hora de experimentações: o país deve continuar com a cultura do milhete, base da dieta dos nigerinos:
- O milhete é um cereal típico de regiões quentes e arenosas. Consegue resistir a altas temperaturas e só demanda drenagem livre. Perfeito para Níger.
Ultimamente, afirma o alemão, o deserto está ganhando mais vegetação, ''por isso é o momento de intensificar e diversificar a agricultura''.
- Além dos programas de irrigação já existentes, há outras soluções de baixo custo que podem aumentar a fertilidade do solo e a colheita. Uma delas é a extração de ervas daninhas por tração animal. A outra é a implementação de subsídio para compra de fertilizantes como o fósforo, disponível nas reservas locais. Acredito que com estas medidas a produção seria dobrada - sustenta. (S.M.)