Título: O bairro onde o Rio mais cresceu
Autor: Florença Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 17/07/2005, Rio, p. A23

A falta de espaços para construções na Zona Sul e os impedimentos impostos pela criação das Áreas de Proteção ao Ambiente Cultural voltaram os olhos da construção civil para a Barra, a partir dos anos 80. E dados da Prefeitura do Rio comprovam que a área ainda é uma das mais cobiçadas pelo mercado imobiliário: o total da área licenciada em janeiro deste ano foi 137% maior do que no mesmo mês de 2004. Em Jacarepaguá, o índice chegou a 174%, o maior registrado no Rio. A cidade registrou, no mesmo período, aumento de 74% nas construções. De janeiro a junho deste ano, foram 600 unidades lançadas na Barra, segundo a Associação de Diretores de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). - A Baixada de Jacarepaguá tornou-se a menina-dos-olhos da construção civil. Principalmente a Barra, graças à proximidade com a praia - explica David Cardeman, consultor de desenvolvimento urbano da Ademi.

Mas a previsão do urbanista Vicente de Castro é de que a Barra seja a grande responsável pelo acréscimo demográfico que ocorrerá na Baixada nos próximos 15 anos. Enquanto Jacarepaguá indica um crescimento declinante e Cidade de Deus mantém-se estável, a Barra deverá atingir os 500 mil habitantes em 2020.

- Além do espaço para construções a Barra é muito disputada. É um espaço magnífico - diz.

Hoje o grande alvo da construção civil, a Barra só sofreu um boom imobiliário a partir da década de 80. Com a abertura da Auto-Estrada Lagoa-Barra, nos anos 70, o bairro passou a atrair investimentos mas, até 1974, problemas judiciais com a definição fundiária retardaram as construções na região.

- Havia muito questionamento quanto à validade dos títulos de posse, o que só foi resolvido após a fusão dos estados do Rio e Guanabara - lembra Carlos Fernando de Carvalho, presidente da Carvalho Hosken, que participou da construção de pelo menos 5 mil unidades na Barra nos últimos 10 anos.

Vicente e Denise lembram ainda que o desmembramento das terras naquela região gerou terrenos de grandes proporções. Isso resultou em soluções urbanísticas diferentes para a área, como os condomínios dispostos ao redor de praças e shoppings com ruas de pedestres.

- Por próprio incentivo do Lúcio Costa, os prédios foram erguidos afastados das divisas dos lotes, com quatro fachadas. E como a Barra estava muito distante de tudo, a maioria deles tem equipamentos de lazer - observa Cardeman. Ele acrescenta ainda que as antigas fazendas de cana de açúcar foram divididas em pequenos lotes apenas nas áreas do Jardim Oceânico, Tijucamar e Recreio. Outras características da Barra são os condomínios que intercalam blocos de prédios com casas e os núcleos de torres, observadas no lado esquerdo da Avenida das Américas a cada quilômetro.