Título: 'Não fiz nada errado', diz Borba a Renan e Suassuna
Autor: Christiane Samarco
Fonte: Jornal do Brasil, 05/07/2005, Nacional, p. A11

BRASÍLIA - Envolvido nas denúncias do mensalão, o suposto esquema de pagamento de mesadas do PT a deputados da base governista, o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), foi sabatinado ontem pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e pelo líder na Casa, senador Ney Suassuna (PB). Surpreendidos e desconfiados da coincidência das "denúncias tardias" na reta final da negociação da reforma do ministério, Suassuna e Renan reuniram-se reservadamente com Borba na residência oficial da presidência do Senado. "Houve mensalão no PMDB?", indagou a dupla ao líder. "Não houve, não", respondeu Borba. "Fiquem tranqüilos que eu não fiz nada de errado", insistiu. No domingo, a secretária Fernanda Karina Somaggio, que trabalhou com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão, deu entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, dando conta de que Borba mantinha contatos semanais com o seu antigo chefe.

Para piorar a situação do deputado, seu nome consta da lista de visitantes do edifício do Banco Rural em Brasília, em 3 de dezembro de 2003, que está em poder da CPI dos Correios. Na mesma data, foram sacados R$ 200 mil da conta de uma das empresas de Valério, segundo informa o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Borba destacou que não era líder do PMDB em dezembro de 2003, quando a bancada ainda era comandada pelo atual ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB-CE). É nesse fato que a cúpula governista do partido decidiu se apoiar, em defesa da tese de que a suspeita levantada por Fernanda Karina recai sobre um deputado apenas, e não sobre o PMDB.

Mas como Borba contou aos senadores que esteve no banco, "acompanhando uma pessoa", e que é freqüentador do edifício suspeito, onde funciona inclusive um laboratório de análises clínicas no qual costuma fazer alguns exames de saúde, os peemedebistas avaliam que as denúncias ainda podem render, acirrando os ânimos no partido.