Título: Oposição duvida de nova versão
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/07/2005, País, p. A3

A oposição não se convenceu com a mudança repentina das versões de Marcos Valério e Delúbio Soares. Tampouco acredita no sucesso da estratégia de defesa utilizada pelos dois de confessar o crime eleitoral de um caixa 2, enquanto continuam negando a existência de mensalão. Para o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), integrante da CPI, a confissão pública de farta distribuição, na campanha eleitoral de 2004, de dinheiro não-declarado oriundo de um empréstimo de cerca de R$ 40 milhões obtido com Marcos Valério, a Justiça Eleitoral tem o dever de tomar providências imediatas.

- Isso é o começo do fim do PT - afirmou o senador oposicionista.

O senador Artur Virgílio (PSDB) enxerga uma orquestração de discursos entre Valério e Delúbio. Para o senador, os dois combinaram os depoimentos espontâneos prestados ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, assim como as entrevistas exclusivas à maior rede de televisão do país. De acordo com Virgílio, todos os mandatos de petistas estão agora sob suspeita e devem ser investigados.

- Eles montaram uma história que só mostra a existência de mais verdades não reveladas. Tem dinheiro público envolvido e muito mais. A mentira vai afundar o PT e o governo - afirma.

O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) considera ''uma armação'' a estratégia de Delúbio Soares e Marcos Valério de confessar que houve crime eleitoral, mas negar o pagamento do mensalão. Para Paes, em vez de atenuar a situação, os depoimentos complicam ainda mais a já delicada situação do governo e do PT, na medida em que novas denúncias de corrupção forem surgindo.

- Eles combinaram essa história. Estão tentando blindar o governo e a campanha do Lula. Querem minimizar o problema político. É uma grande armação - assegura o deputado.

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) também destacou que os depoimentos têm como objetivo poupar o governo.

- Delúbio construiu a mentira junto com Valério. Querem fingir que não houve corrupção no governo e que a origem do dinheiro é legal - afirmou.