Título: Polícia havia interrogado um dos homens-bomba
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/07/2005, Internacional, p. A8
Citando uma importante fonte do governo, que preferiu manter anonimato, o jornal Sunday Times publicou ontem que o serviço secreto britânico investigou no ano passado Mohamed Sidique Khan, o mais velho dos homens-bomba por trás dos ataques a Londres, em 7 de julho. No entanto, o homem foi liberado pois, segundo o MI5, não representava uma ameaça.
O governo recusou-se a comentar a reportagem.
- Nunca falamos das atividades de nossos serviços de segurança - disse uma autoridade britânica.
As investigações sobre os ataques à bomba, que mataram 55 pessoas, espalharam-se pelo Paquistão e Egito. Três dos suicidas eram jovens muçulmanos britânicos de origem paquistanesa - Khan, 30 anos, Hasib Hussein, 18 anos e Shehzad Tanweer, 22 anos - enquanto o quarto, Germaine Lindsay, 19 anos, era britânico de ascendência jamaicana.
Forças de segurança paquistanesas prenderam no sábado à noite, na província de Punjab, seis homens suspeitos de relação com as explosões. Dois deles, detidos em Lahore, podem ter entrado em contato com Tanweer. O jovem visitou Faisalabad e Lahore em duas viagens ao Paquistão, nos dois últimos anos. Fontes da Inteligência paquistanesa dizem que em 2003 ele se encontrou com um Osama Nazir, posteriormente preso devido a um ataque a bomba em uma igreja da capital, Islamabad, em 2002.
Estes suspeitos foram capturados na cidade de Gujranwala e acredita-se que pertençam ao banido grupo militante da Caxemira, ligado à Al Qaeda, Jaish-e-Mohammad (Exército de Maomé). De acordo com as autoridades, a maioria das 12 detenções realizadas no Paquistão até agora são procedentes de informações dadas por Nazir, ex-membro do Jaish-e-Mohammad. Os outros quatro suspeitos foram presos no sábado em Faisalabad.
As agências de segurança também estão investigando contatos de Tanweer com escolas islâmicas no Paquistão. No sábado, agentes interrogaram estudantes professores e outros funcionários da Manzoor-ul-Islam, uma madrassa em Lahore, onde acredita-se que Tanweer tenha ido no ano passado. A escola é conectada ao Jaish-e-Mohammad, que após o banimento se dividiu em várias pequenas células. No entanto, gerentes da escola negaram qualquer ligação com o homem-bomba.
Além disso, apesar de a Scotland Yard ter entregue ao governo do Paquistão uma lista com as chamadas telefônicas feitas da casa de Tawneer em Londres, autoridades da Inteligência de Islamabad afirmam que nada de concreto foi encontrado.
- Concluímos que as pessoas para quem ele ligou não tinham nada a ver com as atividades ilícitas. Eram amigos da família, inclusive dois comerciantes - disse um funcionário, em condição de permanecer anônimo.
Mas os investigadores confirmaram que Tanweer esteve em Faisalabad e Lahore e sabem agora que Khan e Hussein também visitaram o Paquistão em 2004.
No Egito, a polícia prendeu e está interrogando Magdy El Nashar, bioquímico formado na Grã-Bretanha. Mas o ministro do Interior egípcio, Habib el Adli, garante que El Nashar não é membro da Al Qaeda e que a mídia ocidental e árabe tiraram conclusões apressadas sobre o detido.
O egípcio, de 33 anos, foi pesquisador na Universidade de Leeds, na Inglaterra, e a polícia está revistando sua casa alugada na cidade, que abrigou três dos jovens que atacaram em Londres.