Título: Maninha quer Planalto fora
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/07/2005, Brasília, p. D3

O Palácio do Planalto não pode impor ao PT uma candidatura a governador do Distrito Federal: nesse caso, não se estaria escolhendo, necessariamente, quem tem melhor viabilidade eleitoral. Essa é a posição da deputada federal Maninha, ela própria postulante à candidatura a governadora. ''Nós já passamos dessa fase. Se o PT quer recuperar a sua democracia interna, tem de respeitar as suas instâncias'', afirma. Para ela, não há como juntar PMDB e PT no Distrito Federal, o que poderia ser um dos objetivos da interferência federal. ''É água e óleo. Temos princípios e práticas diferentes''. Da mesma forma, ela recusa a idéia de aproximação com o PFL do Paulo Octávio.

Na opinião de Maninha, o senador Cristovam Buarque seria o melhor candidato para o PT. Já que ele diz que não quer ser candidato, a própria Maninha, ao lado dele, da também deputada Arlete Sampaio, deputado Paulo Tadeu, deputado Chico Leite e Vilmar Lacerda, atual presidente do PT, vem compondo com vários segmentos do PT o que chama de ''processo de discussão para viabilizar um nome''. Na verdade, são dois nomes: o dela e o de Arlete.

De acordo com Maninha, será escolhido o que tiver mais viabilidade eleitoral. Em uma segunda etapa, a escolhida irá às prévias regionais para concorrer com os demais candidatos locais, o deputado federal Sigmaringa Seixas e o presidente do Banco Popular, Geraldo Magela, que também postulam a indicação.

Depois de passado o processo da eleição direta para renovação do diretório, acredita Maninha, com certeza se estará com o nome definido para concorrer às prévias.

Nessas eleições, a deputada não espera uma vitória da esquerda, do ponto de vista de ter maioria nas direções partidárias. ''Mas vamos ganhar mais voz. Como eu disse, desta crise nós esperamos que apareça luz. E a gente está percebendo junto à militância que ela está concordando com o nosso discurso'', afirma.

Ela reconhece que o cenário das próximas eleições é de muita dificuldade para o PT do Distrito Federal. Mas, lembra, não é possível dizer exatamente qual será o cenário daqui a um ano e meio quando vier a eleição. Isso vale para os dois lados: o próprio PT nunca esperava o processo de desgaste que o atingiu. Sua esperança é a militância: o PT sempre teve uma coisa temida, que é a sua militância, e quando essa militância se sente identificada com o candidato, quando essa militância se sente parte do processo, ela vai para a rua, faz campanha e convence. ''Temos um ano e meio para trabalhar tudo isso, voltar para dentro do partido, reconstruir essa inter-relação com a militância, crescer o nosso partido, influir no governo nacional de tal maneira que possamos ter um resultado positivo daquilo que o governo faz'', diz a deputada.

Antes da eleição de Cristovam para governador, lembra Maninha, ''ele era um ex-reitor da Universidade de Brasília, desconhecido, e chegamos lá, mostrando que não se deve subestimar o PT nem a sua militância''.

Isso tem tudo a ver com as eleições dieretas do PT em que, registra ela, ''o campo majoritário se aliou ao centro, a corrente do recém escolhido presidente Tarso Genro, para compor uma nova maioria, essa maioria que vai agora para a disputa''. Para ela, se o candidato do campo majoritário, com o centro, é o Tarso Genro, significa que essa maioria se consolidou.

''E nós, da esquerda, vamos ter três candidatos; podemos ter um segundo turno'', assegura a deputada. Afinal, diz, ''estamos percebendo que esse cataclisma mexeu com a militância do PT e é evidente que há uma possibilidade de crescimento da esquerda no PT''.