Título: Empréstimo ainda não foi pago
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 19/07/2005, País, p. A3

Para conseguir um empréstimo de R$ 15,9 milhões do BMG (Banco de Minas Gerais), Marcos Valério, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador financeiro do esquema do mensalão, apresentou como garantia um recém-fechado contrato com os Correios. O destino do dinheiro era o PT, de acordo com reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S.Paulo. Valério teria pedido o empréstimo para repassar o dinheiro ao PT, em acordo com o então tesoureiro do partido, Delúbio Soares. Na semana passada, em depoimentos, tanto Valério como Delúbio confirmaram que essa era uma forma de caixa dois do PT.

O empréstimo foi concedido pelo BMG para a Graffiti Participações em 27 de janeiro de 2004. No mesmo dia, o dinheiro entrou e saiu da conta da Graffiti no BMG para o Banco Rural, que é apontado por Jefferson como o banco onde os saques do suposto mensalão eram feitos. Como garantia para o empréstimo, Valério apresentou o contrato que os Correios haviam fechado, dois meses antes, com a SMPB Comunicação, da qual é sócio.

Valério figurou como sócio da Graffiti por pouco mais de sete meses, alguns anos antes da data de liberação do empréstimo do BMG. A maioria do capital pertence a sua mulher, Renilda. A Graffiti detém participação da DNA Propaganda e funciona no mesmo endereço da SMPB. A reportagem informa que o empréstimo ainda não foi pago. Segundo informações sigilosas da CPI dos Correios, a dívida já teria alcançado R$ 21 milhões.