Título: Petistas querem distância
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 19/07/2005, País, p. A3

Militantes petistas também se irritaram com a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva veiculada no programa Fantástico no domingo. Lula lavou as mãos dizendo que há muito tempo não atua na esfera administrativa do partido, em contrapartida, militantes no Rio procuram desvincular o partido do governo.

Se de um lado, Lula credita a crise ao rápido crescimento da sigla, do outro, petistas reagem e afirmam que a força do partido não vem das urnas, mas dos movimentos sociais.

Os militantes tentam se mostrar inabalados pela crise e dizem que o governo é apenas a parte externa do partido, tentando passar que a militância sai ilesa do escândalo.

No diretório estadual do PT do Rio, no Centro da cidade, os militantes se mostram, no entanto, críticos ao governo.

Luzia Katarina da Silva mostra-se perplexa com as declarações do presidente.

- Diz o Lula que isso é normal... - ironizou a declaração do presidente sobre o caixa dois.

Os funcionários do diretório consideram injusto o partido estar sendo julgado. Fabiana Santos é funcionária do diretório há quase dois anos, sempre foi militante e agora trabalha como secretária do partido. Ela alega que os setores da sociedade é que são a força do partido e que sem a militância o PT não existiria.

- Não importa se o partido vai disputar ou não em 2006. O partido não vive de eleições - defende Fabiana.

Os petistas têm recebido com bom humor as piadas a respeito do escândalo. Márcio Luiz Rodrigues conta que eles também riem da crise que envolve nomes do partido.

- Já falei que agora só uso sunga, assim ninguém pode suspeitar que eu guardo alguma coisa no cuecão. Imagina então se sair um careca aqui do prédio carregando uma mala, todo mundo vai pensar que é o Marcos Valério - brinca Márcio.