Título: Dutra queria sair só em abril
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 19/07/2005, Economia & Negócios, p. A17

Economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), José Sérgio Gabrielli chegou à estatal em 1º de fevereiro de 2003 por indicação do próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele assume a presidência da companhia com um caixa de R$ 17 bilhões e uma dívida de R$ 39 bilhões. A Petrobras lucrou R$ 5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Embora analistas de mercado tenham elogiado a escolha como uma solução de continuidade da atual política da empresa, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) os papéis da Petrobras fecharam em leve baixa. A ação preferencial (PN) encerrou o pregão com variação negativa de 0,13%, a R$ 104,60, enquanto a ordinária, que garante direito a voto, fechou em queda de 0,63%, negociada a R$ 118,55.

Embora tenha ficado satisfeito por fazer o sucessor, José Eduardo Dutra só queria se desincompatibilizar da presidência da estatal em abril, para disputar uma vaga de senador por Sergipe, onde construiu praticamente toda sua carreira política. A decisão do presidente Lula de antecipar a saída do governo de todos os ministros e executivos que serão candidatos em 2006 jogou uma pá de cal nos planos de Dutra.

- Assim, não será ele que entrará para a história da Petrobras como o presidente responsável pela auto-suficiência - avalia um consultor que preferiu não se identificar, por considerar o presidente da Petrobras Distribuidora (BR), Rodolfo Landim, a melhor opção para o comando da Petrobras.

Com bom trânsito junto à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, Landim teria sido preterido, segundo fontes da própria estatal, por razões políticas. Se sucedesse Dutra, Landim abriria a vaga na presidência da BR, o que poderia reiniciar a disputa por cargos entre o PT e os partidos aliados do governo.

- A opção por Gabrielli representa uma solução conservadora, que na verdade sinaliza a manutenção da atual política administrativa da empresa. Em um momento de turbulência política muito intensa, como o atual, quanto menos barulho você fizer, melhor - avalia o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE).