Título: Na era Lula, os interinos reinam
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 19/07/2005, Economia & Negócios, p. A17

O novo diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, assumirá o cargo em caráter interino, mas no que depender do retrospecto do governo Lula, nada impede que ele tenha sobrevida na função. A lista de exemplos desta verdadeira República dos Interinos é farta, a começar pelo próprio setor petrolífero. Na Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima sobrevive como diretor geral interino desde janeiro. Quando seu antecessor, o embaixador Sebastião do Rego Barros, encerrou o ciclo no órgão regulador, Lima apenas sonhava em ficar definitivamente. De lá para cá, uma série de acontecimentos políticos garantiu a sobrevida na agência. Em maio, o engenheiro-químico José Fantine teve seu nome vetado pelo Senado, como retaliação dos partidos da base governista à então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.

No Banco do Brasil, o atual presidente, Rossano Maranhão, também assumiu o cargo, no primeiro semestre deste ano, com prazo de validade. Ele entrou na vaga de Cassio Casseb, que deixou o governo magoado com a fritura promovida por aliados, em meio a denúncias de irregularidades. A já proverbial lentidão do governo garantiu a Maranhão a permanência no cargo até hoje.

Com tantos antecedentes, não admira que o ex-secretário do Ministério de Minas e Energia Mauricio Tolmasquim tenha chegado a acreditar na hipótese de permanecer ministro, condição que lhe fora conferida interinamente, em junho. Por mais que tivesse acalentado o desejo de entrar para a história como o ministro que anunciaria a auto-suficiência de petróleo do país, Tolmasquim sucumbiu diante do irresistivel apelo da política: ao contrário de Silas Rondeau, indicado pelo senador José Sarney (PMDB-AP), ele não garantiria votos ao governo.