Título: Distrito Federal exporta cada vez mais
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/07/2005, Brasília, p. D3

A indústria brasiliense vem reforçando a tendência de pólo em tecnologia da informação e melhorando o desempenho como exportadora, apesar de ainda ser incipiente e fortemente dependente dos gastos públicos. Os indicadores relativos ao mês de maio divulgados ontem pela Federação das Indústrias de Brasília (Fibra) mostram que a produção chegou a um patamar de estabilidade. O crescimento de 6,16%, segundo o presidente da Fibra, Antônio Rocha, cobriu a perda do mês anterior, quando o faturamento caiu 6,06% em relação a março. Ainda assim, o nível de emprego na indústria local decresceu 0,16%, em comparação com abril - o que significa a extinção de cerca de 100 vagas, dado que a indústria emprega, no DF, aproximadamente 29 mil pessoas. Também recuou a taxa de ocupação da capacidade instalada, de 64,32% para 63,27%. Conforme o assessor econômico da Fibra, Diones Cerqueira, o quadro indica a desaceleração do crescimento do parque industrial, mas ao mesmo tempo emite sinal de que as curvas ascendentes poderão ser retomadas em breve.

- O aumento nas vendas, com a diminuição nos níveis de emprego e de utilização da capacidade instalada, provavelmente significou que a indústria teve de desovar parte do estoque. Com isso, pode ser que o crescimento seja retomado, na medida em que a demanda por mais produção se confirme - explicou Cerqueira.

O saldo das vendas em maio foi positivo em sete dos onze segmentos industriais pesquisados. Os destaques foram a tecnologia da informação (19,96%), o processamento de grãos (9,38%), edição e impressão (5,88%) e a reparação de veículos (4,61%). Tecnologia da informação e edição e impressão são setores bastantes ligados aos gastos dos governos federal e do DF.

As demissões superaram as contratações em quatro áreas: metal-mecânico (-3,39%), reparação de veículos (-2,74%), vestuário e acessórios (-1,75%) e o conglomerado de itens sob o tópico geral (-5,04%). Em duas áreas, os empregos mantiveram-se completamente estáveis: madeira e mobiliário e tecnologia da informação.

O presidente Antônio Rocha informou que estudo sobre como fortalecer os elos da cadeia produtiva no DF deve ficar pronto em setembro ou outubro. Da forma como vai hoje, diagnosticou, a indústria permanece dependente dos gastos públicos, ainda responde por muito pouco do mercado interno (cerca de 20%) e vai apresentando boas perspectivas em áreas isoladas.

- Exportamos US$ 28 milhões em todo o ano de 2004. Este ano, já exportamos, até junho, US$ 21 milhões - citou Rocha.

De acordo com o presidente, as áreas mais atuantes nas exportações são alimentação - principalmente a produção de frango - processamento de soja, tecnologia da informação e automação de segurança e outros.

Em comparação com maio de 2004, o crescimento no faturamento total foi de 11,24% e o nível de emprego cresceu 0,59%.

Ciclo - A construção civil não entra nas contas dos indicadores da Fibra - responsável por 32 mil empregos e com faturamento superior a todos os outros segmentos somados, acabaria distorcendo os dados, de acordo com Diones Cerqueira. Este mês, o setor teve queda de 8,43% no faturamento e de 1,32% no nível de empregos. É o final de um ciclo - conforme o assessor econômico, a construção civil tem picos de contratação e faturamento na medida em que o governo fecha novos contratos. Nos períodos subsequentes, ela apresenta quedas.