Título: Investigação fica em compasso de espera
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 20/07/2005, País, p. A2
O Supremo Tribunal Federal é o novo responsável pelas investigações envolvendo o publicitário Marcos Valério de Souza e o suposto pagamento de mesadas a parlamentares da base aliada. A decisão é do juiz Jorge Macedo, da 4a Vara Federal em Minas Gerais. Com isso, o trabalho da Polícia Federal nesta apuração dependerá da autorização do STF. A CPI dos Correios também terá que esperar se necessitar de alguns documentos levantados nas investigações . O pedido de transferência de competência da investigação foi motivado pela apreensão, na última sexta-feira, de todo o caixa financeiro paralelo do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no Banco Rural - supostamente a lista oficial do mensalão. Seriam mais de 100 faxes com registros de parlamentares, assessores e parentes de políticos que receberam transferências da empresa SMP&B Comunicação, apreendidos no setor de auditoria do Banco Rural, em Belo Horizonte.
A PF chegou aos documentos após ouvir o ex-tesoureiro do Banco Rural em Brasília, Francisco Rego. Ele explicou que o banco em Belo Horizonte fazia transferências de pagamentos para várias pessoas em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro
Rego decidiu registrar em fax as transações, para identificar os beneficiários das transferências em dinheiro. Nos faxes apreendidos constam nomes, número da identidade e informações sobre os beneficiários. Há casos de transferências de R$ 200 mil em que o fax informava para distribuir para quatro pessoas em Brasília, cada uma com R$ 50 mil.
Os delegados do caso dizem que vários faxes estão anexados com as cópias das carteiras de identidade dos beneficiários do esquema. Um dos nomes que constam na lista de beneficiários de retiradas é o do tesoureiro do PL, Jacinto Lamas.
Os faxes passaram a ser objeto de desejo da CPI dos Correios, pois podem identificar depositantes que jamais seriam conhecidos pela quebra de sigilo normal, pois o Banco Rural não identificava estas pessoas nas transferências bancárias oficiais.
Assim que os documentos foram aprendidos, a defesa de Marcos Valério solicitou que o inquérito fosse enviado ao Supremo Tribunal Federal. Eles alegaram que, no depoimento na Procuradoria-Geral da República, Marcos Valério citou o nome de dois deputados - Roberto Jefferson e Carlos Rodrigues - e somente o STF pode investigar parlamentares.
O procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, afirmou que a transferência do inquérito para o STF é legal e isso não prejudicará a investigação.
- Se inicia uma fase mais lenta de análise dos documentos. Queremos a comprovação dos fatos - afirmou.