Título: Novas denúncias na CPI dos Bingos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/07/2005, País, p. A6

O ex-diretor da Loterias do Rio Grande do Sul (Lotergs) José Vicente Brizola disse ontem, em depoimento à CPI dos Bingos, que a ''contravenção bancou o PT nas eleições de 2002 e 2004 no Rio Grande do Sul.'' Vicente Brizola, que é filho de Leonel Brizola, disse que percebeu, ao assumir a Lotergs, que a regulamentação das loterias do estado visava compensar a contravenção pelo seu investimento nas campanhas do PT.

- A contravenção financiou as campanhas e também pagou a nova sede do PT gaúcho. A legalização do jogo no estado na minha opinião tinha como objetivo compensar os bicheiros.

Brizola afirmou que no ''apagar das luzes do governo Olívio Dutra'' foi obrigado fechar o contrato de concessão de exploração das loterias gaúchas com o empresário do ramo de jogos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

- A licitação feita para a exploração das loterias foi cancelada por motivos técnicos. Várias empresas, até mesmo a Gtech pegaram o edital de licitação, mas somente a empresa do senhor Carlos Ramos apresentou proposta, muito abaixo do esperado. A licitação foi cancelada, ele recorreu na Justiça e ganhou. Na minha opinião o governo deveria recorrer, mas não o fez e no final do mandato o contrato foi assinado. Depois, foi revogado.

Para Brizola, as denúncias de corrupção envolvendo o governo federal tiveram início na administração petista no Rio Grande do Sul.

- O PT do Rio Grande do Sul é o precursor de tudo o que acontece hoje. Para mim o PT fez um verdadeiro estelionato eleitoral.

O ex-diretor da Lotergs disse ainda que deixou o PT por motivação política e que desde que fez as denúncias tem sofrido ameaças e chegou a ter sua casa em Porto Alegre invadida.

- Levaram vários documentos que eu gostaria de entregar hoje a esta CPI.

Brizola entregou à CPI cópia dos seus depoimentos na CPI da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, ao Ministério Público do Estado, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal.

Em um depoimento que durou pouco mais de duas horas, ele afirmou que era laranja do governo e disse acreditar que o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz também era apenas um ''testa de ferro'' do PT.

Sem apresentar qualquer prova, Brizola afirmou que a contravenção no Rio Grande do Sul bancou as campanhas do PT em 2002 e 2004 e a compra da nova sede.

- Na minha interpretação, a edição dos decretos para legalizar as loterias estaduais eram uma contrapartida do governo para a contribuição da contravenção. Eu mandei um e-mail de solidariedade ao Waldomiro Diniz quando o caso estourou em 2004. Ele era um laranja do José Dirceu (PT-SP) - afirmou.

Vicente Brizola foi o diretor da Lotergs por pouco mais de um ano. Segundo ele, sua indicação foi política.

- Nunca trabalhei com jogos. Assim eu só recebia ordens, não tomava decisões e não questionava isto.