Título: Comerciantes terão que se adaptar
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 27/07/2005, Economia & Negócios, p. A17

Comerciantes estão céticos quanto à implementação do sistema. Evandro Martins Fontes, 44 anos, editor e diretor da livraria que leva seu sobrenome, vê com desconfiança a viabilidade de se instalar o sistema de emissão de notas fiscais eletrônicas. - Acho muito complicado depender do sistema de comunicação da Receita ou da Secretaria de Fazenda para emitir as notas fiscais. No Centro do Rio, por exemplo, não há boa infra-estrutura para cabeamento de internet. Acredito que vai haver uma grande dificuldade de comunicação, que pode emperrar o processo das vendas. Se a internet ficar fora do ar, não teremos notas - reclama. - Além disso, o programa terá que obedecer a critérios de gradualidade, como tamanho e tipo do estabelecimento. Além disso, também será preciso discutir meios de minimizar o impacto disso para o contribuinte. Algum impacto provavelmente esse novo sistema trará para os preços - admite.

Para Maria Barreto, gerente da Farmácia Maison de Fátima, porém, a medida é muito positiva.

- Além de o sistema trazer praticidade, os estabelecimentos ganhariam mais credibilidade junto aos consumidores. Qualquer medida que signifique desburocratização é bem-vinda - diz a lojista.

Para os consumidores, a medida é vista com bons olhos.

- Apesar de todos os avanços do Código de Defesa do Consumidor, ainda não há consciência de que a cobrança da nota fiscal por parte dos compradores é um direito e um dever de cidadania. O brasileiro não tem a experiência de cobrar, de exigir seus direitos. Com a emissão de notas eletrônicas, o Estado ocuparia esse espaço e evitaria a sonegação - opina o advogado e professor universitário Nelson Joaquim, de 60 anos.