Título: João Sayad na disputa pelo BID
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/07/2005, Economia & Negócios, p. A20

O brasileiro João Sayad tem boas chances de vencer hoje a eleição para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Vice-presidente de Finanças e Administração da instituição desde setembro de 2004, Sayad concorre ao cargo com outros quatro latino-americanos e conta com o apoio já formalizado da Argentina desde a última sexta-feira. O vencedor substituirá Enrique Iglesias, que está há 17 anos à frente do organismo que empresta US$ 5 bilhões anualmente à América Latina.

Os outros postulantes ao cargo são o embaixador da Colômbia em Washington, Luis Alberto Moreno; o ministro das Finanças do Peru, Pedro Paulo Kuczynski; o presidente do Banco Central da Nicarágua, Mario Alonso; e o ex-diretor-executivo da Venezuela no BID, José Alejandro Rojas.

Os votos para a eleição do BID são dados de acordo com o peso dos países na composição acionária do organismo multilateral. Desta maneira, o principal eleitor é o governo americano, já que os Estados Unidos têm 30% de participação.

Embora não tenha oficializado apoio a nenhum dos candidatos, extra-oficialmente os EUA tentam viabilizar a eleição do colombiano Moreno, que também conta com o apoio oficial de Belize, Costa Rica, Guatemala e Panamá.

O apoio da Argentina, no entanto, pode ser decisivo para Sayad, já que o país tem, assim como o Brasil, o segundo maior peso na eleição: 10,7% para cada nação.

O presidente do México, Vicente Fox, que conta com 6,9% dos votos, foi mais um que chegou a apoiar Moreno, mas teve que voltar atrás, uma vez que seu Ministério da Fazenda alertou que era a única instituição autorizada a determinar os votos do país.

No total, os países da América Latina possuem mais de 50% dos votos e podem decidir a eleição independentemente dos 30% dos EUA. Os demais países, inclusive europeus, detêm os 20% restantes.

A eleição de Sayad para a presidência do BID é tratada com grande importância pelos diplomatas brasileiros, já o país é, atualmente, o maior tomador de empréstimos do BID. A instituição representa a principal fonte de financiamento para o desenvolvimento na América Latina e emprestou ao continente US$ 6 bilhões no ano passado.