Título: Brasília, capital da qualidade de vida
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 27/07/2005, Brasília, p. D3

Brasília tem a melhor qualidade de vida no País. É o que confirma um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenvolvido a partir de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada pelo IBGE em 2002 e 2003. O estudo considerou opiniões dos próprios moradores de nove áreas metropolitanas, mais o município de Goiânia e o Plano Piloto de Brasília sobre diversos aspectos da vida nos locais. O saldo entre respostas positivas e negativas na Capital ficou 108% acima da média nacional. Feito a partir de dados colhidos em 48.470 domicílios em todo o País, o estudo considerou 12 variáveis, como a renda familiar, a quantidade e os tipos de alimentos consumidos, as avaliações dos habitantes a respeito dos serviços essenciais - como água, energia elétrica, coleta de lixo - de problemas com vizinhos, problemas ambientais e com violência ou vandalismo na área de residência.

Conforme Fernando Blumenschein, um dos realizadores do trabalho, além das motivações sociais do trabalho existe uma de cunho econômico:

- Queremos descobrir como a qualidade de vida está relacionada com a produtividade da mão de obra e com atração de capital. Pessoas felizes trabalham melhor, e maior produção atrai investimentos. Isso tem impacto sobre a renda nas regiões - explicou Blumenschein.

Segundo o técnico, este índice avalia a percepção de bem-estar dos indivíduos nas regiões metropolitanas, diferente de marcas como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - construído a partir de dados objetivos fragmentados.

O fato de o estudo ter se restringido ao Plano Piloto determinou na grande distância que a cidade apresenta das demais. Das onze áreas pesquisadas, Goiânia ficou em segundo, com 27,92% e Belém em último, com -72,4%. Além disso, alguns resultados chamam atenção: Brasília apresentou percepção nula, para a classe E (até R$ 300 de renda familiar), da violência e do vandalismo.

- As pessoas nesta faixa de renda que moram no Plano Piloto se sentem seguras - explicou o técnico da FGV.

O secretário de Planejamento do DF, Ricardo Penna, disse que isso representa um retorno do investimento feito pelo governo, mas não negou a existência de disparidades.

- Claro que o Plano Piloto é diferente de Taguatinga, de Samambaia. Mas mesmo nessas cidades, os índices de qualidade de vida são maiores que na média nacional - disse Penna, em referência a estudo, realizado pela Secretaria, que aplicou os critérios das Nações Unidas para encontrar os IDHs das cidades-satélites.

De acordo com Penna, apenas duas localidades do DF ainda estão muito abaixo da média: Itapoã e a Estrutural. Além delas, incluiu as invasões entre os ''enclaves de pobreza'' a serem combatidos e disse que a meta do planejamento estratégico na capital deve ser desenvolver esses enclaves.