Título: Responsabilidade dividida com sócios
Autor: Fernando Exman e Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 28/07/2005, País, p. A2
No dia em que a CPI dos Correios pressionou Marcos Valério, requerendo ao Ministério Público Federal sua prisão, o publicitário afirmou, por meio de nota, que não é o único responsável pelas agências SMPB e DNA. Por isso, disse Valério, eventuais questionamentos também devem ser feitos aos outros sócios.
- Como pode ser verificado nos contratos sociais da SMPB e da DNA, em cada cheque emitido pelas agências devem constar as assinaturas de, pelo menos, dois sócios. Dessa forma, ressalta-se que as empresas funcionam através da responsabilidade solidária e, portanto, eventuais questionamentos também devem ser feitos aos demais sócios - afirma a nota.
O requerimento aprovado ontem pela CPI pede a prisão de Valério sob a justificativa de que o publicitário estaria por trás da destruição de documentos que seriam necessários às investigações.
Desde que a crise estourou, os sócios na SMPB, Cristiano Paz e Ramon Cardoso, não se pronunciaram sobre o envolvimento da agência. E nem sequer a nota de Valério mudou isso - os dois não se manifestaram ontem. Paz e Cardoso mantêm contatos políticos bem antes da entrada de Valério na agência, em 1996.
Por meio da assessoria, a SMPB disse que, de fato, são dois sócios que assinam pela agência. Foram citados os nomes de Paz e Cardoso e também da diretora financeira, Simone Vasconcelos, por procuração. Apesar disso, disse que Valério tinha ''carta branca'' - isto é, a outra pessoa que assinava fazia na base da confiança.
Essa informação destoa das prestadas no início da crise, quando a SMPB insistia em dizer que Valério era apenas ''sócio capitalista'', tentando desvinculá-lo do dia-a-dia da agência. Com as investigações, passaram a jogar toda a responsabilidade sobre ele. Em duas ocasiões (13 e 15 de junho), a DNA informou que Valério não tinha função executiva nem podia assinar cheques.
A DNA informou que Valério está ''correto'' ao dizer que é preciso a assinatura de dois sócios, mas diz que ele não assina mais desde março de 2004. Segundo a nota, Valério entregou procuração abrindo mão de assinar pela agência porque quase não ia lá.
Em sua nota, Valério diz ainda que ''não tem qualquer relação com a gravação da conversa'' entre Marco Aurélio Prata, seu contador, e Marco Túlio Prata, policial em cuja residência a polícia encontrou notas da DNA intactas ou queimadas.