Título: CPI recomenda prisão preventiva de Valério
Autor: Fernando Exman e Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 28/07/2005, País, p. A2
Quase duas semanas após a apresentação da proposta, os integrantes da CPI dos Correios aprovaram ontem, por 19 votos a um, o requerimento que recomenda ao Ministério Público Federal que peça à Justiça a prisão preventiva de Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Também foi aprovada a indisponibilidade de seus bens. A votação de requerimentos mais polêmicos foi adiada para a próxima terça. O único voto contra o requerimento foi do deputado Nelson Meurer (PP).
A justificativa da CPI ao aprovar o requerimento é impedir que Valério destrua provas e articule sua defesa com outros investigados do suposto esquema de corrupção existente no governo.
Operação da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais, há cerca de duas semanas, apreendeu mais de 2 mil notas fiscais da DNA, uma das agências de Valério, que estavam sendo queimadas na casa do irmão do contador do publicitário, Marco Túlio Prata.
O próprio autor do requerimento solicitando a prisão, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), reconheceu que a medida vem tarde.
- O requerimento perde força nesse momento porque era para evitar a destruição de provas e a articulação da defesa. Estamos vendo uma sucessão de depoimentos repetitivos, mas o pedido serve para mostrar o poder de coerção da CPI.
A direção da CPI também definiu a criação de duas subrelatorias, a de movimentação financeira e a para a análise dos contratos dos Correios. A primeira ficará com o Fruet e a outra, sob a responsabilidade de Carlos Abicalil (PT-MT).
Para minimizar as dificuldades na obtenção de documentos do Banco Rural, integrantes da CPI se reuniram com representantes do banco. Ficou acertado que o Banco Rural colocará à disposição dois técnicos para auxiliar a CPI. O advogado do Banco Rural, José Carlos Dias, afirmou que o banco sempre colaborou com a comissão.
- Não há como proteger ninguém. O banco vive de sua imagem, credibilidade e da fé que merece. Portanto, seria um contra-senso se o banco perdesse esse capital - disse.
Ele admitiu, entretanto, que a direção do Banco Rural está preocupada com a imagem passada por alguns parlamentares de que o banco não está facilitando os trabalhos da CPI.