Título: Recursos e profissionais em falta
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 28/07/2005, Rio, p. A13

Enquanto representantes discutem os próximos passos das negociações para solucionar a crise da saúde, que em 10 de março levou o presidente Lula a decretar ''estado de calamidade pública'' no município, servidores reclamam da falta de profissionais e das condições de trabalho na rede pública do Rio. O diretor do Conselho Municipal de Saúde, Adelson Alípio, aponta diversas irregularidades, principalmente na Zona Oeste. Os hospitais estaduais Pedro II, em Santa Cruz, Rocha Faria, em Campo Grande, e Albert Schweitzer, em Realengo, estão há 10 dias sem tomógrafos.

- Estes hospitais recebem muitos acidentados, que não podem, de maneira nenhuma, serem atendidos sem o aparelho. Estamos preocupados porque até agora não vimos nenhuma melhoria na prática. Até que o novo ministro conheça a máquina, as pessoas estão morrendo - lamentou.

O Conselho Municipal de Saúde enviou ontem ao Ministério da Saúde uma solicitação para que seja feita uma reunião com com representantes do governo federal em caráter de urgência.

- Depois da troca de ministro, voltou tudo à estaca zero. No entanto, o número de óbitos na Zona Oeste está crescendo assustadoramente, os hospitais estão voltando à situação alarmante do início do ano - ressaltou o diretor.

O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev/RJ) convocou uma assembléia entre os servidores municipais para hoje à tarde para decidir a possibilidade de uma greve. De acordo com o sindicato, de todos os hospitais, a situação mais delicada é a do Hospital Municipal do Andaraí, uma das quatro unidades que ainda estão sob intervenção federal. De acordo com uma das diretoras do sindicato, Maria Celina de Oliveira, a falta de insumos básicos está impedindo que pacientes façam cirurgias.

- Eles têm alta não porque estão curados, mas para esperar em casa. Além da falta de um diretor, que ainda não foi nomeado pelo novo ministro, faltam roupas para a realização de cirurgias, medicamentos e até anestésico - alertou.

Sobre a ausência de direção, o ministro José Saraiva Felipe respondeu que o governo federal ainda está decidindo um novo nome para assumir o hospital.