Título: Desequilíbrio na bomba
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/08/2005, Economia & Negócios, p. A17

A defasagem dos preços da gasolina e do diesel diante da cotação do petróleo no mercado internacional chega a 30% e 20%, respectivamente. A estimativa é do diretor-geral interino da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, que, no entanto, defendeu a manutenção da atual política de preços da Petrobras, de não reajustar os preços a cada movimento do mercado internacional. O último reajuste dos combustíveis foi anunciado pela Petrobras em novembro de 2004, quando o preço do barril do petróleo custava em torno de US$ 40. Há mais de dois meses, o preço do barril se mantém acima dos US$ 50. Ontem, o óleo leve americano para entrega em setembro fechou em US$ 59,11. Em Londres, o petróleo tipo Brent caiu US$ 0,02, para US$ 58,01.

- A hipótese de nivelar o preço em nível internacional significa uma elevação que o povo brasileiro não vai superar - disse Lima, ao admitir que essa hipótese ''choca com as condições de aquisição do povo'' e também coloca ''de cabeça para baixo'' a política de preços.

Ele reconheceu, contudo, que a situação das refinarias privadas (Manguinhos e Ipiranga), que enfrentam dificuldades por não terem capacidade de competir com a Petrobras nesse ambiente de contenção de preços, preocupa o setor.

Haroldo Lima admitiu que a Lei do Petróleo obrigaria a agência a recorrer ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para manter o equilíbrio do mercado em uma situação em que houvesse prejuízo à concorrência, como a atual. Ele disse, porém, que primeiro está tentando buscar uma saída negociada para a situação das refinarias antes de apelar para o sistema de defesa da concorrência.

O governo e a ANP estudam usar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para reduzir as perdas com a alta do petróleo. Além da Cide, também está em análise o arrendamento de Manguinhos pela Petrobras. A situação das refinarias foi discutida anteontem em reunião no Ministério de Minas e Energia.