Título: Dupla jornada na terceira idade
Autor: Marina Ramalho
Fonte: Jornal do Brasil, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. A18

A inserção crescente da mulher no mercado de trabalho ao longo das últimas décadas já começa a fazer diferença no perfil dos profissionais que se mantêm ativos após a aposentadoria. Pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade/Dieese mostra que a participação feminina no mercado cresceu 15% na faixa etária acima de 60 anos de 1992 para 2003, em São Paulo.

A expansão é quase a mesma verificada na faixa etária de 10 a 39 anos, que evoluiu 16%. Para as mulheres entre 40 e 59 anos, o crescimento foi ainda mais expressivo: 30%.

Uma explicação pode estar na aposentadoria média das mulheres: R$ 266,56, contra R$ 533,12 dos homens.

- Vemos que as mulheres estão mais disponíveis para o mercado de trabalho, seja pelo maior nível de escolaridade, seja pelo empobrecimento geral da renda familiar - afirma Guiomar de Haro Aquilini, analista de mercado de trabalho.

Aposentada, Jovina Duarte, de 68 anos, continua trabalhando como promotora de eventos.

- A força da vida é o trabalho. Gosto de me sentir útil, por isso não penso em parar. O dinheiro que ganho é essencial para complementar a minha renda e a do meu marido.

Edna Boderone, de 58 anos, aposentou-se há cinco anos, mas ainda trabalha com editoração gráfica, agora autônoma.

- Aproveitei a época de mudança da lei da previdência para me aposentar. Hoje eu ganho mais, mesmo descontando a pensão, e ajudo parentes.

Renée Carvalho, de 65 anos, não pensava em voltar a trabalhar quando se aposentou. Mas, com a morte do marido, procurou uma ocupação para se distrair. Hoje, trabalha como secretária em uma igreja.

- Não comecei a trabalhar por causa do dinheiro, mas a minha remuneração como secretária permite melhorar minha qualidade de vida, pois agora posso pagar viagens e passeios. Vou continuar trabalhando até quando a saúde me permitir.