Título: Produção de pessimismo
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 28/07/2005, Economia & Negócios, p. A20
O segundo semestre começou com ritmo lento de produção na indústria brasileira. A 156ª Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o cenário que se desenha é de crescimento baixo, estoques excessivos e demanda enfraquecida. As avaliações do empresariado são as piores em dois anos.
O ciclo de aumento dos juros promovido pelo Banco Central e a apreciação do câmbio contribuíram para minar o otimismo do empresariado.
- O quadro de desaquecimento é gradual e acompanha a sintonia fina dos juros - afirma o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo.
Em julho, o nível de demanda foi considerado forte por 14% e fraco por 27% das empresas pesquisadas. A pesquisa captou pela primeira vez uma piora na avaliação das empresas em relação à demanda externa. Apenas 12% dos entrevistados consideram forte o patamar de encomendas no mercado externo.
O desaquecimento da economia pode ser medido também pelo crescente número de entrevistados que apontam a demanda como fator que limita a expansão da produção. De janeiro a julho, o percentual passou de 15% para 25%.
Com a demanda enfraquecida, a pesquisa detectou também a formação excessiva de estoques. Desde outubro, a parcela de empresas que dizem ter acúmulo de estoque passou de 5% para 14%.
No trimestre julho-setembro, 24% das empresas pretendem contratar, e 15% pensam reduzir o número de vagas.