Título: Documentos são ''pólvora pura''
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 26/07/2005, País, p. A4

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem que a lista de pessoas autorizadas a receber o dinheiro sacado das contas de Marcos Valério Fernandes de Souza é ''pólvora pura'', porque comprovaria a existência do mensalão. Esse material está no Supremo Tribunal Federal e deve chegar hoje à comissão.

Esses documentos foram apreendidos pela Polícia Federal no Banco Rural em Minas Gerais e faziam parte de um inquérito da 4ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais. Como na lista de beneficiados aparecem parlamentares, que têm foro privilegiado, o processo foi enviado ao Supremo.

- A documentação é pólvora pura até agora - disse Serraglio - acrescentando que a lista seria uma prova do mensalão.

- Passando pela perícia da Polícia Federal, é prova material, não precisa nem de muita conversa - avaliou.

Ainda de acordo com o relator, ''prossegue se confirmando a versão dada pelo deputado Roberto Jefferson em relação ao propinoduto Valério''. O presidente licenciado do PTB afirmou que o então tesoureiro do PT Delúbio Soares pagava uma mesada de R$ 30 mil a deputados para que votassem com o governo. Valério seria o operador desse esquema.

Do material que está no STF constariam as pessoas autorizadas por Delúbio a receber recursos repassados, na maioria das vezes, pela diretora financeira da SMPB, Simone Vasconcelos. Haveria ainda um outro tipo de lista, a de políticos pagos com autorização direta de Valério, a maioria deles de Minas. Os parlamentares esperam que a mulher do publicitário, Renilda Santiago, dê hoje informações a CPI a respeito da origem e do destino desses recursos. Marcos Valério e Delúbio afirmaram que o dinheiro veio de empréstimos bancários repassados pelas agências de publicidade ao PT para um caixa dois. A suspeita, no entanto, é que as empresas lavavam doações de campanha para o partido e para políticos.

Em Belo Horizonte, o cofre que preendido há uma semana na casa de Marco Aurélio Prata, um dos contadores das empresas de Marcos Valério de Souza, foi aberto ontem no Instituto de Criminalística da Polícia Civil em Belo Horizonte, e estava vazio. A expectativa era de que ele contivesse documentos que pudessem estar ligados às empresas de propriedade de Valério, acusado de ser um dos operadores do susposto esquema do mensalão.