Título: Chequer defende quebra de patente de anti-retrovirais
Autor: Claudia Bojunga
Fonte: Jornal do Brasil, 26/07/2005, Saúde & Ciência, p. A12

Cientistas de 135 países participam até amanhã da conferência da Sociedade Internacional de Aids (IAS) sobre Patogênese e Tratamento de HIV, no Rio de Janeiro. Vários especialistas destacaram a necessidade de tornar mais dinâmico o combate à doença.

- Devemos encurtar a distância entre as descobertas científicas e a prática - defendeu Craig McClure, diretor-executivo da IAS.

Calcula-se que diariamente ocorram 14 mil novos casos de infecção de HIV; 95% em países pobres. Por isso, a quebra de patente dos medicamentos é considerada essencial. Nesse sentido, o coordenador do programa de aids no Brasil, Pedro Chequer, elogiou a decisão do ministro da Saúde, Saraiva Felipe, de reabrir as negociações com o Laboratório Abbot, que produz o Kaletra.

- O laboratório vai ter que apresentar uma proposta que represente nossos reais interesses. Ninguém é contra o lucro das empresas, mas temos um compromisso ético com os direitos humanos - comentou ao JB, a respeito da necessidade de redução do preço do medicamento.

Depois de ter dado um prazo para quebrar a patente do Kaletra, o ex-ministro Humberto Costa havia aceitado a oferta do Abbot. Saraiva Felipe, ao assumir, no entanto, suspendeu a decisão e reabriu o caso.

- Temos estudos mostrando que, muitas vezes, o preço cobrado supera até nove vezes o justo (com retorno do investimento em pesquisa e lucro) - alerta Chequer.

O custo do tratamento, por paciente, já foi de US$ 1.600, mas atualmente é de U$ 2.500, devido à introdução de novas drogas, mais caras. O Brasil está habilitado a produzir o Efavirenz, Tenofovir, Nelfinavir e o Ritonavir/ Lopinavir. (C.B.)