Título: Saldo comercial despenca
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 26/07/2005, Economia & Negócios, p. A17

O superávit da balança comercial caiu quase dois terços entre a terceira e a quarta semana de julho. O saldo da balança ficou em US$ 343 milhões na semana encerrada dia 24, o que representa uma queda de 65% em relação ao resultado da semana anterior, US$ 985 milhões. Esse é o menor superávit semanal do mês, inferior até ao registrado na primeira semana, que teve apenas um dia útil e ficou com saldo de US$ 380 milhões. O resultado é fruto de US$ 2 bilhões em exportações e de US$ 1,658 bi em importações.

No ano, o superávit acumulado da balança comercial brasileira é de US$ 22,712 bilhões.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o resultado das exportações da quarta semana de julho foi influenciado pela paralisação dos técnicos da Receita Federal entre os dias 20 e 22, fazendo com que a média diária das exportações no período totalizasse US$ 400,2 milhões, uma queda de 23,5% em relação ao período anterior.

Houve redução nos embarques nas três categorias de produtos. As vendas externas de semimanufaturados caíram 57,8%, para US$ 34 milhões, as de básicos tiveram queda de 34,5%, para US$ 115,7 milhões, e manufaturados recuaram 5,5%, para US$ 243,6 milhões. Por outro lado, as importações cresceram 19,3% sobre a média do acumulado até a terceira semana.

A alta foi motivada pelo aumento dos gastos com combustíveis e lubrificantes, cujas compras elevaram-se 145,7%, com a média passando de US$ 36,3 milhões para US$ 89,2 milhões. As importações dos demais setores mantiveram-se praticamente estáveis, com aumento de 0,3%. Questionada sobre o impacto da greve nas vendas externas e não nas importações, o ministério afirmou que são operações independentes. Procurada para comentar o assunto, a Receita Federal disse que não comenta greves.

A média diária das exportações em julho até a quarta semana - US$ 484,8 milhões -- foi 18,6% maior que a do mesmo período do ano passado. Entre os produtos básicos, a alta foi de 24,8%, de US$ 126,2 milhões para US$ 157,6 milhões, devido ao aumento nas vendas de carne, petróleo, café, minério de ferro e soja. Nos manufaturados o aumento foi de 17,4%, para US$ 253,3 milhões, principalmente, gasolina, chassis e aparelhos transmissores. Nos semimanufaturados o crescimento foi de 7,8%, para US$ 66,1 milhões, por conta de ferro fundido, ferro-ligas, semimanufaturados de ferro ou aço e couros e peles. Frente a junho houve crescimento de 4,5%.

Nas importações, a média diária foi US$ 294,7 milhões, 17,3% acima da média de julho de 2004 e 5% superior à de junho.