Título: Apreensão recorde de merla no País
Autor: Rodrigo Vasconcelos
Fonte: Jornal do Brasil, 26/07/2005, Brasília, p. D4

A Polícia Federal no DF fez na manhã deste domingo a maior apreensão de merla da história do País, no Jardim Ingá, bairro de Luziânia-GO. Na operação, os policiais prenderam três pessoas e encontraram 508 latas de merla pronta, 27 kg de merla em fabricação, 7 kg de cocaína pura, R$ 16 mil em dinheiro, 3 revólveres calibre 38mm, 3 automóveis, cheques e 6 celulares. A PF já investigava o bando há cerca de seis meses, quando recebeu uma denúncia anônima de que Solimar Rodrigues de Araújo, 38 anos, seria o cabeça de um esquema de produção e comercialização de drogas baseado no Jardim Ingá, Luziânia, de onde a distribuição seria feita para todo o Distrito Federal e cidades do Entorno.

Desde a denúncia, os policiais federais acompanham a movimentação de Solimar, que mora em Santa Terezinha de Goiás, a cerca de 400 km de Brasília. A cada 10 dias, Solimar preparava a droga em um laboratório que montou em Luziânia para distribuí-la no DF e Entorno. Os principais pontos de distribuição ficavam na Ceilândia, em Samambaia, Novo Gama e em Valparaíso (GO).

- A cocaína pura usada na fabricação da merla é de origem boliviana, comprada em Mato Grosso. Era transformada em merla no laboratório de Solimar, no Jardim Ingá - disse ontem o delegado Felipe Tavares Seixas, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal em Brasília.

A PF só descobriu o endereço do laboratório no sábado à tarde. Às 10h30 de domingo, dez policiais federais estouraram o laboratório que funcionava numa casa fechada por muros altos, na quadra 9, rua Caçapava, no Jardim Ingá. No local, prenderam em flagrante Solimar e dois comparsas, Elson Rodrigues Pereira, 30 anos e Rildo Xavier Pissarro, 34.

Solimar era quem trazia a cocaína de Mato Grosso para o preparo da merla. No laboratório, a cocaína era misturada com ácidos bórico e sulfúrico e barrilha, uma substância usada para fazer a limpeza de piscinas. Elson e Rildo ajudavam na fabricação e eram os responsáveis por distribuir a droga nas cidades do DF e do Entorno.

O valor da merla apreendida pode chegar a R$ 180 mil na revenda para pequenos traficantes e a R$ 300 mil, quando repassada para os usuários. Cada lata custa R$ 50, mas pode ser revendida para o usuário em porções menores, por cerca de R$ 10 cada.

Na casa de Solimar Rodrigues, os policiais encontraram saldos de três contas correntes no valor total de quase R$ 1 milhão. Além da casa em que funcionava o laboratório, Solimar tem outros três imóveis, uma fazenda em Santa Terezinha de Goiás, dois Vectras e um Fiat Strada.

- Vamos pedir à Justiça o bloqueio de todas as contas bancárias e o seqüestro de todos os bens em nome de Solimar Araújo que forem comprovados como produto de tráfico de drogas - disse o delegado Felipe Tavares.

Solimar tem passagem anterior pela polícia, também por tráfico de drogas, e Elson, por receptação de veículos roubados. Os três podem pegar de sete a 30 anos de cadeia pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e manipulação de substância entorpecente. Elson e Rildo serão transferidos para a cadeia pública de Luziânia e Solimar aguardará julgamento na carceragem da PF no Distrito Federal, onde também está preso o maior traficante de drogas do país, Fernandinho Beira-Mar.