Título: Salvação do governo vem das pesquisas
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 24/07/2005, País, p. A3

Amparado nas pesquisa de opinião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já traçou a estratégia para tentar sair da crise e manter vivo o projeto de reeleição: nos últimos 18 meses de mandato, Lula vai ancorar seu governo nos programas sociais e direcionará os discursos às classes mais baixos, apresentado-se como representante dos excluídos.

A estratégia não é gratuita. Todas as recentes sondagens de popularidade indicam que o presidente se mantém mais estável nas classes mais baixas. Divulgada na primeira quinzena de junho, uma pesquisa do Ibope, feita a pedido da Confederação Nacional da Indústria, mostrou que entre a população de escolaridade menor e baixa renda, a popularidade de Lula cresceu. A região Nordeste, onde tradicionalmente tem o maior número de pobres e miseráveis, apresenta o maior índice de aprovação ao presidente.

A popularidade do presidente declina apenas quando os resultados das opiniões são isoladas entre os que têm mais escolaridade e maior renda. Em números gerais, em junho, o governo caiu 3% nos índices de aprovação em relação a maio, e 4% nos índices de confiança

Os números foram confirmados por pesquisas do CNT/Sensus, divulgado no dia 12 de julho. Embora neste levantamento, não tenha divisão por classes sociais, os números deixaram claro que a popularidade de Lula vem sendo pouca afetada pela crise. Em julho, avaliação pessoal de Lula passou de 57,4% para 59,9%.

Na mesma pesquisa, a percepção sobre práticas de irregularidades no governo Lula aumentou de 13% para 20,2%. Mas, ao apontar os agentes da corrupção, 35,4% dos entrevistados citaram a Câmara dos Deputados como responsáveis. Apenas 12%, o presidente.

A maioria dos entrevistados, 45,7%, consideram que Lula não sabia do mensalão. Essa é uma das perguntas com maior índice de abstenções, 20,8%. Para 64,7% das opiniões consideram que o pagamento de mesada a deputados é prática antiga.

Uma pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 16 de junho, mostrou que Lula ainda se revela favorito nas eleições de 2006. A avaliação do desempenho do presidente é considerada como ótima ou boa por 49% dos entrevistados. Em todos os cenários de disputa partidária testados pela pesquisa, Lula seria vitorioso. A pesquisa do Datafolha foi publicada dez dias depois das primeiras denúncias do mensalão.