Título: Manufaturas em risco
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/07/2005, Economia & Negócios, p. A18

Enquanto a expectativa para os produtos básicos é de um 2005 claramente melhor que o ano anterior, seja por preços mais altos, seja por maior volume exportado, alguns setores manufatureiros revêem projeções e trabalham com horizontes mais pessimistas. Tudo fruto das baixas cotações do dólar.

Durante a semana, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) divulgou relatório apontando que o setor registrou queda de 6% nas exportações em junho, frente igual mês de 2004.

No começo do ano, a expectativa da Abit era de crescimento de 10% nas exportações, para US$ 2,3 bilhões. Agora, se mantidas as condições atuais de câmbio, a associação prevê alta de, no máximo 5%, para algo em torno de US$ 2,180 bi.

- Mas não será surpresa se fecharmos o ano sem crescimento - lamenta Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit.

Pimentel afirma que o recorde esperado este ano para a balança comercial este ano é fruto - além de um crescimento do mercado global acima do esperado - do resultado de algumas commodities.

- As manufaturas já estão perdendo espaço lá fora - garante.

Outro setor que também divulgou resultados pouco animadores para as vendas externas foi o de eletroeletrônicos. As exportações do segmento caíram 2% de janeiro a abril deste ano, com perdas principalmente na linha branca.

- Houve necessidade de aumento de preços e isso nos fez perder espaço no mercado internacional - diz Paulo Saab, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

Para Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o crescimento das exportações de manufaturados este ano acontecerá, mas será comandado por empresas de grande porte, enquanto setores específicos terão o desempenho afetado pelo câmbio.

- Alguns setores sofrem muito. Têxteis e calçados, por exemplo, têm problemas mais visíveis - afirma.

José Augusto de Castro, da AEB, faz coro com Ribeiro.

- As empresas menores estão com mais dificuldade. O peso positivo dos manufaturados na balança ficará concentrado nas grandes empresas, especialmente naquelas com alto índice de industrialização - garante.