Título: Lula confraterniza com sindicalistas e pede apoio
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Fonte: Jornal do Brasil, 25/07/2005, País, p. A2

No fim de semana, a crise política não fez parte da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos dois dias, Lula retomou a tática de conquistar o apoio dos sindicalistas e pedir voto de confiança ao povo. Em São Bernardo do Campo, em São Paulo, ao lado da mulher, Marisa Letícia, e do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, participou ontem da 10ª Festa dos Cegonheiros, na Estância Alto da Serra. Na cerimônia, Lula distribuiu autógrafos e quebrou o protocolo: passou a palavra para Alfredo Nascimento, desceu do palanque e abraçou o público.

Diante de cerca de 6 mil pessoas, Lula relembrou seu tempo à frente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Na época - relatou - recebeu um grupo de cegonheiros interessados ainda em criar um sindicato:

- Hoje a categoria já está organizada e com ampla representatividade. Vocês conseguiram criar uma direção que pudesse falar em nome dos cegonheiros, porque vocês criaram o sindicato nacional.

Entre as lembranças de seu tempo de sindicalista, como de costume, o presidente criticou o governo Fernando Henrique. Segundo Lula, sua gestão teria herdado mais de 38 mil quilômetros de estradas federais quase intransitáveis.

- Me pergunto: o que era feito no país que nem a manutenção de estradas era realizada - questionou, ressaltando em seguida algumas conquistas do seu mandato.

Quando assumiu a presidência do país, confessou ser quase impossível a criação de cooperativas de crédito e de consumo. O quadro, segundo a direção dos cegonheiros, mudou. E Lula fez questão de enfatizar:

- Agora mesmo foi conquistada uma cooperativa para que vocês possam ter acesso a crédito mais barato para comprar seu próprio caminhão.

O presidente apresentou à direção do Sindicato Nacional dos Cegonheiros um programa especial que permiti aos caminhoneiros financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na compra de veículos com juros menores. Os caminhões usados, na proposta, serviriam como contrapartida para a compra.

Com tais iniciativas Lula arrancou aplausos dos caminhoneiros e reconquistou, ao menos por alguns minutos, a empatia que poderia ter sido abalada nos últimos meses com a crise política. Mas na hora de anunciar qual seria o custo da revitalização das estradas a palavra ficou com o ministro dos Transportes:

- Já no início do ano que vem, todas as rodovias federais do estado de São Paulo estarão nas mãos da iniciativa privada.

Segundo o ministro, o governo destinou R$ 6,5 bilhões à recuperação de estradas. Quatro bilhões a mais do que o disponibilizados no último período do governo de Fernando Henrique Cardoso. Alfredo Nascimento afirmou ainda que há mais 15 anos não ocorriam investimentos em rodovias.

Desde sexta-feira, quando afirmou que não abaixaria a cabeça para ''as elites'', Lula vem buscando apoio de antigos aliados. Sábado esteve na posse da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ontem, escutou novamente que, se preciso, os trabalhadores irão se mobilizarão a seu favor:

- Se precisar, vamos para a rua para ajudar - disse o presidente do Sindicato Nacional do Cegonheiros, Aliberto Alves.