Título: Gushiken é alvo dos tucanos na CPI
Autor: Fernando Exman e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 25/07/2005, País, p. A6

Os fundos de pensão e a atuação do ex-ministro e assessor de assuntos estratégicos da Presidência da República Luiz Gushiken à frente da Secretaria de Comunicação do Governo são os novos alvos da oposição na CPI dos Correios. Parlamentares tucanos confirmam a munição e dizem que não vão sossegar até que o ex-ministro explique as denúncias. Nesta semana, a oposição deve enviar o pedido de convocação de Gushiken para ser votado. Para o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), é necessária imediata convocação porque tudo indica que o assessor da Presidência apontava quais agências de publicidade responderiam pelas contas de estatais e fundos de pensão.

- É uma pessoa próxima ao Lula - afirmou Paes, sugerindo que a investigação pode comprovar que o presidente sabia do esquema.

Para a semana, os integrantes da CPI dos Correios aguardam novos documentos do Banco do Brasil e do Banco Rural e se preparam para o depoimento da mulher de Marcos Valério, Renilda Fernandes, agendado para amanhã. A expectativa é moderada.

- Ela sabe do grosso da história, o que já sabemos. O restante, que pode ser interessante para a gente, ela pode se negar a falar - avaliou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-PR).

Outros depoimentos foram negociados para a primeira semana de agosto. Serão ouvidos a ex-secretária da SMPB, Simone Vasconcelos, e David Rodrigues Alves. Os dois aparecem nas listas do Banco Rural como responsáveis por saques das contas da empresa que ultrapassam R$ 11 milhões. A oposição também quer cobrar explicações do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), porque sua mulher foi identificada como uma das que sacou dinheiro daquela conta.

O presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS), passou a última semana negociando com órgãos competentes o envio urgente da documentação solicitada pela Comissão. No caso do Banco do Brasil, o senador conseguiu o compromisso de entregar tudo ainda hoje. Já com o Banco Rural, Delcidio terá de ser mais enérgico. Segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), na quarta-feira a CPI deve julgar se usará ''suas forças legais''.

Hoje e amanhã, o presidente da comissão e o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), se reúnem com técnicos da CPI para avaliar quais documentos já foram encaminhados. Na quarta-feira, os membros da CPI se reúnem para votar requerimentos. Entre os mais polêmicos, as convocações do ex-ministros José Dirceu, e Gushiken. Este último, segundo a oposição, será apresentado ainda na terça.

Os integrantes da comissão deverão definir se os depoimentos serão feitos no Congresso (o que levaria pelo menos três meses) ou se as oitivas de menor expressão poderiam acontecer na Polícia Federal com a presença de integrantes da Comissão.