Título: A força de trabalho robótica
Autor: Masayuki Kitano
Fonte: Jornal do Brasil, 25/07/2005, Internet, p. A21

Em alguns anos, o melhor companheiro do idoso japonês pode ser de lata e com vários processadores. O envelhecimento da sociedade nipônica e a falta de mão-de-obra força a apelar à última solução: os robôs. - Ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, o Japão reluta em permitir o uso de trabalhadores baratos. Isso não deve mudar nos próximos 30 anos então os robôs são, talvez, a única solução - diz Takashi Gomi, presidente da canadense Applied AI Systems.

Sua empresa desenvolveu o protótipo de uma cadeira de rodas inteligente, que se movimenta sozinha identificando e evitando obstáculos.

Hoje, muitos robôs são usados em fábricas. Mas já existem máquinas úteis em casas, escritórios e hospitais.

Olhar para os robôs é sensato. Um relatório do governo divulgado em maio mostrou que a demanda anual por robôs para fábricas deve alcançar US$ 10,3 bilhões em 2015, quando um em quatro japoneses terá 65 anos ou mais.

Yoshiyuki Sankai vê os robôs no futuro da saúde na terceira idade. Ele é pesquisador na Universidade de Tsukuba e desenvolveu um macacão robótico que facilita a tarefa de caminhar para idosos com pouca força muscular. Enfermeiros também se beneficiam, ao ganhar mais poder para levantar seus pacientes.

A roupa lembra uma armadura. Ela envolve os braços, pernas e costas do usuário e é equipado com um computador, motor e sensores. Eles detectam os sinais nervosos que o cérebro envia quando a pessoa usa seus membros, e assistem o movimento.

Sankai diz que o macacão, chamado de Hybrid Assistive Limb (HAL) 5, garante a uma pessoa que suportaria 80 kg, agüentar 180 kg.

- O objetivo principal é expandir a força e capacidade física dos humanos.

O Japão pode ter limitação de trabalhadores jovens, mas tem abundância de máquinas. O país tinha 44% dos 801 mil robôs industriais espalhados pelo mundo em 2003.

Embora o mercado de ''robôs para reabilitação'' ainda esteja no começo, já existem alguns em uso. A Yaskawa Electric, fabricante de robôs industriais no Japão, vende um assistente robótico desde 2000. Próximo à cama, ele ajuda a movimentar as pernas de pacientes que sofreram ataques do coração, acidentes cerebrais ou cirurgias nos joelhos.

- Alguns pacientes sentem dor e incômodo se os exercícios não forem feitos a uma velocidade constante - explica Hidenori Tomisaki, diretor da divisão de Tecnologia Médica da empresa.

A demanda, no entanto, tem sido limitada, em parte pelo seu preço. A nova versão, TEM LX2, custa certa de US$ 30 mil. Apenas seis unidades são vendidas por ano desde 2003. Os preços devem cair com o tempo, mas o mais difícil é desenvolver robôs que interajam perfeitamente com os humanos.

Os gurus da Universidade de Tohuku e da Nomura Unison Co., fabricante de máquinas industriais, dizem que a chave é equipar os robôs com a capacidade de detectar intenções e ações.

É isso que eles tentam desenvolver com o Partner Ballroom Dance Robot. Com 1,65 m e 100 kg, o robô lembra uma mulher de vestido e executa cinco passos de valsa para seguir o parceiro humano.

Um sensor detecta a força aplicada pelo dançarino de carne e osso. O computador embutido prevê como o humano quer continuar.

- Achamos que, no futuro, essa tecnologia pode ser aplicada em várias áreas, inclusive no auxílio à terceira idade e na cooperação entre homens e robôs - diz Minoru Nomura, presidente da Nomura Unison.

Naoki Tanaka, diretor do Centro de Rede da HumanService Association, organização que agrupa outras envolvidas no tratamento de idosos, diz que algumas pessoas até preferem os robôs aos enfermeiros humanos.

- Pacientes já me falaram que preferem um robô ajudando num banho a um humano - diz.