Título: Cada vez mais incêndios
Autor: Rodrigo Vasconcelos
Fonte: Jornal do Brasil, 25/07/2005, Brasília, p. D1

O Corpo de Bombeiros registrou 549 focos de incêndio em todo o Distrito Federal até o último dia 20. Seis a mais do que o total de focos de todo o mês de julho do ano passado e uma média de 26 focos combatidos por dia. E a julgar pelos 866 focos registrados no mês de agosto de 2004, o problema pode agravar-se nas próximas semanas, quando a umidade relativa do ar atingir níveis ainda mais baixos. Os dados são do 4º Batalhão de Incêndio, no Paranoá, o único no DF especializado nas ações de combate a incêndios florestais. De acordo com os bombeiros, mais de 90% dos focos de incêndio são causados por ações criminosas. E a maioria das pessoas nem sabe que está cometendo um crime.

- São jardineiros que queimam restos de podas, adolescentes que fazem fogueiras e agricultores que usam o fogo para limpar a pastagem. Se isso já é perigoso em qualquer época do ano, é mais ainda em agosto, quando a vegetação está seca - diz o Tenente Denilson Marques, oficial de dia do 4º Batalhão.

Além de preso, quem causa dano direto ou indireto às áreas de preservação ambiental pode ter de pagar R$ 50 mil de multa. No caso das matas e florestas, o incendiário terá de desembolsar R$ 1.500 por hectare destruído. E o agricultor que faz uso de fogo para limpar o pasto sem autorização do IBAMA ou em desacordo com a lei ambiental paga R$ 1 mil por hectare.

Prevenção -Na sexta-feira, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos lançou, em parceria com a Administração do Lago Sul, uma campanha de prevenção de incêndios.

Carros da Polícia Militar Ambiental ligaram as sirenes para chamar a atenção dos moradores, que receberam explicações sobre o risco que correm ao queimar o lixo e os restos de poda.

- Depois do Lago Sul, vamos elaborar um calendário de campanhas semelhantes para outras regiões. Nosso objetivo é conscientizar as pessoas de que atear fogo em qualquer coisa, mesmo dentro da área de suas residências, é crime e põe em risco a integridade do meio ambiente e a saúde das pessoas - disse o secretário do Meio Ambiente, Antônio Gomes.

A administradora do Lago Sul, Natanry Osório, percorreu ontem algumas quadras para ver se a campanha estava surtindo efeito. Decepcionou-se.

- Campanhas educativas demoram a produzir resultados. O importante é que a partir de agora ninguém mais vai poder alegar ignorância para escapar de uma multa ou até de ir para a cadeia - disse.