Título: Ministro defende rede integrada de saúde
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/07/2005, Rio, p. A15

A proposta de implementar ações integradas entre as esferas federal, estadual e municipal foi discutida ontem à tarde pelo novo ministro da Saúde, José Saraiva Felipe, durante a primeira reunião que teve com a governadora Rosinha Matheus e o secretário estadual de Saúde, Gilson Cantarino. Na retomada das negociações sobre a crise da saúde no Rio de Janeiro, uma das ações propostas pela secretaria estadual foi a expansão da central de regulação de leitos. Atualmente, a central controla apenas os leitos municipais, mas a idéia é que passe a regular também a disposição dos leitos nos hospitais estaduais e federais. - O SUS é um sistema indissociável entre governo, estado e município. Algumas coisas já começaram a acontecer. De uma semana para cá, os contratos temporários já foram prorrogados - comentou o ministro Saraiva Felipe.

O secretário estadual Gilson Cantarino defendeu a integração, inclusive, da rede de saúde da Baixada Fluminense.

- A crítica que eu tenho é que estes hospitais da Baixada agem de maneira independente, quando na verdade fazem parte do SUS, que é um sistema integrado - opinou Cantarino.

Também foi discutido o financiamento de medicamentos excepcionais que estão em falta na rede estadual, como os usados pelos portadores do vírus da Aids. O secretário acredita que o investimento feito pelo Ministério da Saúde ainda é insuficiente para a demanda do estado. Segundo ele, o Ministério da Saúde repassa apenas 30% do total da despesa, enquanto que os 70% restantes ficam a cargo dos estados.

- Tem também a questão da parceria que consideramos importante para o projeto Reviva, que atende crianças com problemas de lábio leporino. Queremos que o Rio seja auto-suficiente nisso. E tem ainda a questão do Samu, que está com um quadro de profissionais insuficiente no que diz respeito ao convênio que envolve o Ministério da Saúde - lembrou o secretário.

Ainda hoje as propostas serão apresentadas ao secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho, e ao prefeito Cesar Maia. Segundo o ministro, os entendimentos para o acordo que colocará fim à crise da saúde não devem envolver brigas políticas.

- A saúde deve ser politizada, e não partidarizada, para que a sociedade tenha consciência que o SUS é uma conquista, um sistema generoso que atende a 80% da população - garantiu o ministro.

Pelas conversas anteriores, ainda na gestão do ex-ministro da Saúde Humberto Costa, o governo federal ficaria definitivamente responsável pela gestão dos hospitais do Andaraí, Lagoa, Cardoso Fontes e de Ipanema. De acordo com o ministro, serão feitos investimentos em equipamentos e recursos humanos nas quatro unidades.

- O ministério é responsável pelo conjunto da política do Sistema Único de Saúde (SUS) e se propõe a estabelecer de todas as maneiras um diálogo produtivo com o estado e com o município, que são os executores da política - afirmou Saraiva Felipe.