Título: Ex-bispo é incluído em relatório
Autor: Marco Antônio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 27/10/2004, País, p. A3

Assembléia quer investigar deputado Carlos Rodrigues

A Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou ontem, por unanimidade, o relatório da CPI da Loterj e Rioprevidência pedindo a prisão de Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil, e do empresário Carlos Almeida Ramos, conhecido como Carlos Cachoeira. Apesar de negarem qualquer revanchismo, os deputados acrescentaram ao documento o nome do deputado federal Carlos Rodrigues, presidente regional do PL. O deputado foi apontado pelos parlamentares como o responsável pela indicação de Waldomiro Diniz à presidência da Loterj, mas durante os seis meses de CPI, Rodrigues não foi chamado para prestar depoimento. - Não acho que seja revanche. No meu caso, tentei incluir o nome de Rodrigues durante todo o processo da CPI, mas não aceitaram. É como o Romário que aguarda o melhor momento para fazer o gol. Esperei o momento político - afirmou o deputado Paulo Ramos (PDT), explicando a acusação a Rodrigues de formação de quadrilha.

Em Brasília, o ex-bispo da Igreja Universal estranhou a decisão.

- Não tive o direito de me defender porque nunca fui chamado à CPI - comentou Rodrigues.

O relatório da CPI foi aprovado pelos 58 deputados que estavam no plenário no momento da votação. Outros 12 parlamentares estavam ausentes. No caso da acusação contra Rodrigues, 56 deputados votaram, sendo que 44 foram a favor da resolução de Paulo Ramos, havendo duas abstenções e 10 parlamentares contra. Todos integrantes da bancada evangélica da Casa.

- Falta coerência nesta medida. Se a CPI foi competente como todos estão dizendo, ela não poderia fazer uma coisa dessas agora - lamentou o deputado Léo Vivas, líder do PL na Assembléia e que conversou com Carlos Rodrigues na manhã de ontem.

Deputados da Assembléia acreditam que Rodrigues teria participado da indicação de Waldomiro Diniz para a presidência da Loteria Estadual do Rio de Janeiro.

Apesar da votação expressiva, a CPI não conseguiu comprovar o desvio de dinheiro público para campanhas eleitorais, fato que deu origem à comissão.

- Talvez a CPI não tenha chegado ao andar de cima, só que esse andar é o Palácio do Planalto. Entendo que mesmo assim, a comissão andou - analisou o deputado Paulo Melo, líder do governo na Casa.