Título: Delegada conta detalhes sobre o caso
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 27/10/2004, Brasília, p. D-4

Uma semana após o lançamento do Fórum Distrital de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, autoridades sobre o tema e distritais da oposição voltaram a se reunir para continuar a debater o ''caso Amazonas'', no qual o presidente da Câmara Legislativa, Benício Tavares (PMDB), é acusado de envolvimento sexual com menores de idade em passeio de iate no Rio Negro. Mais de 200 pessoas espremeram-se no auditório Dois Candangos, na UnB, para ouvir a delegada Maria das Graças Silva, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Manaus. Segundo ela, até o fim da semana o inquérito será encaminhado ao Tribunal de Justiça da capital amazonense. Três pessoas já foram indiciadas: a cafetina Dilcilane Amorim; a suposta ''agenciadora'' das garotas de programa, Zoila Fernandes; e o dono do iate Amazonian, Flávio Talmelli, organizador do passeio, que têm prisão preventiva decretada.

O fórum contou ainda com a presença de membros da Associação de Deficientes de Brasília (ADB), que, indignados com a defesa de ''apenas um lado'', retiraram-se.

- Estão fazendo o julgamento sem a presença do réu - reclamou Sirlei Campos, que afirma ser amigo de Benício há mais de 26 anos.

Maria das Graças contou que só ficou sabendo sobre as supostas orgias no iate no velório das cinco moças que morreram no naufrágio do Princesa Laura. Ela reafirmou que seis garotas de programa que estiveram no Amazonian confirmaram que fizeram sexo com o distrital - as garotas reconheceram-no por fotografias. Segundo as dez meninas ouvidas, três das cinco falecidas também teriam feito programas com ele. Afirmaram terem ganho entre R$ 250 e R$ 1 mil.

Rebatendo acusações de querer promoção pessoal, Maria das Graças garante que, de 1997, quando assumiu o cargo, a agosto deste ano, 39 inquéritos envolvendo autoridades com exploração sexual foram concluídos e apenas um resultou em prisão. Um dos últimos casos envolveu o vice-governador Omar Aziz, que até o fim da semana assume a Secretaria de Segurança do estado. Omar chegou a ser citado pela CPMI do Congresso sobre exploração sexual, mas seu nome foi retirado do relatório final.

- É uma tentativa de me tirar da delegacia. (MS)