Título: Governo controla nova CPI
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/07/2005, País, p. A4
Repetindo o que fez na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios, o governo conseguiu ontem assegurar controle absoluto na mais nova instância de investigação de corrupção, a CPI Mista do Mensalão.
A comissão foi instalada tendo o senador Amir Lando (PMDB-RO) na presidência e o deputado federal Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) na relatoria. O deputado petista Paulo Pimenta (RS) ficou com a vice-presidência.
Em tese, a CPI investigará também outras acusações de compra de votos, como a da emenda da reeleição, em 1997. Por isso, é chamada de CPI da Compra de Votos pelos governistas. Na prática, no entanto, deve focar no mensalão.
Lando, um dos peemedebistas mais fiéis ao Planalto, ocupou o Ministério da Previdência até o início do ano. Teve o nome bancado pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Ele foi o relator da CPI que encaminhou o impeachment do então presidente Fernando Collor. Ontem, fez uma ligação entre as duas investigações ao repetir a frase que encerrou seu relatório em 1992:
- A verdade nos libertará
Abi-Ackel, também indicado pelo governo, acabou escolhido por sua formação jurídica. Ministro da Justiça no governo de João Batista Figueiredo, entre 1980 e 1985, pertence ao PP, partido com acusados de receber o mensalão.
Mas sua indicação foi justificada com base no fato de não ter havido até agora nenhuma acusação contra ele.
- É um deputado acima de qualquer suspeita - afirmou Mercadante.
Não houve acordo entre governo e oposição para a escolha dos postos-chave. A oposição lançou o nome do deputado Raul Jungmann (PPS-PE) para presidir a CPI e aceitava dar a relatoria ao governo. Os governistas não aceitaram, e a disputa foi no voto. Lando venceu por 22 a 14.
O presidente disse que a nova CPI não tomará nenhum depoimento nas suas primeiras duas semanas de trabalho.
- Essa CPI não parte do zero. Já existe um patamar de informações, depoimentos e documentos - declarou.
A nova CPI vai solicitar hoje à Comissão dos Correios todas as informações já levantadas para definir sua agenda de trabalho. Segundo Lando, pode haver a reconvocação de testemunhas importantes, como o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).