Título: Militares criam impasse por salários
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/07/2005, País, p. A7

O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, e os três comandantes militares recusaram a oferta de reajuste dos soldos de 3% neste ano e de 5% em janeiro do próximo ano que foi feita esta semana pela equipe econômica. Eles não abrem mão de 13% agora e mais 10% em 2006, alegando que só entre 2003 e 2004 tiveram perdas de 17%.

A oferta recusada foi feita pelos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento), além do secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal. Eles devem voltar a se reunir com Alencar e os comandantes nesta sexta-feira. O clima é de animosidade.

Ontem, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos Bueno, afirmou a jornalistas que, se dependesse da equipe econômica do governo federal, não haveria aumento dos soldos aos integrantes das Forças Armadas.

- Viável seria 0%, para a equipe econômica - disse, demonstrando irritação.

Segundo a equipe econômica, há cerca de R$ 1,2 bilhão à disposição no Orçamento deste ano que poderia ser injetado no reajuste. Os 23% pedidos causariam um impacto de R$ 5,8 bilhões nas contas do governo. No ano passado, o governo deu 10% de reajuste a partir de setembro, prometendo outros 23% no primeiro trimestre deste ano - o que não ocorreu.

Entre janeiro de 2001 e 2002, os militares tiveram, em média, um aumento de 28,23%. À época, porém, cresceram os descontos de pensão e de assistência médica aos integrantes das Forças Armadas. (F.P.)