Título: Candidato ao Supremo em sabatina
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/07/2005, Internacional, p. A8

O caminho rumo à Suprema Corte dos Estados Unidos que John Roberts - escolhido na terça-feira pelo presidente George Bush como candidato - terá que percorrer não será fácil, pois os democratas desconfiam de suas posições conservadoras.

Antes mesmo da designação de Roberts, grupos progressistas analisavam um texto apresentado por ele ao Supremo, quando trabalhava como assessor para o governo de George Bush pai. No documento, Roberts questionou a aprovação de ''Roe vs. Wade'', decreto que legalizou o aborto nos EUA, em 1973. No entanto, há quem diga que essa opinião refletia a postura de Bush pai, e não a dele.

A trajetória de Roberts à Suprema Corte torna-se ainda mais complicado considerando que substituirá Sandra Day O'Connor, uma juíza moderada que defendeu, entre outros, os direitos reprodutivos da mulher. Além disso, também gerou alarme a participação da esposa do indicado, a advogada Jane Sullivan Roberts, no grupo Feministas a Favor da Vida, organização que quer proibir o aborto.

''Estamos muito decepcionados com o fato de o presidente não ter escolhido alguém como O'Connor'', criticou, em comunicado, Elliot Mincberg, vice-presidente do grupo progressista People for the American Way, prometendo divulgar ''informações sobre Roberts''. A ONG planeja ainda pressionar para que o processo de deliberação dos senadores - que deverão confirmar o candidato de Bush - seja ''atento e cuidadoso''.

John Kerry, democrata rival de Bush nas eleições presidenciais do ano passado, também fez um chamado à reflexão, dizendo que o Senado precisa demarcar a postura do juiz diante de temas como o aborto e os direitos civis.

- Esses assuntos ficam seriamente em dúvida se for dada uma simples olhada no histórico de Roberts - criticou.