Título: Médicos denunciam deficiências do Samu
Autor: Florença Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 22/07/2005, Rio, p. A15

O Sindicato dos Médicos (Sinmed) vai encaminhar, ainda esta semana, uma representação ao Ministério Público do Trabalho denunciando falhas nos programas Emergência em Casa e Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ambos sob administração da Secretaria Estadual de Saúde. Conforme adiantou o JB, cerca de 30 ambulâncias estão paradas por falta de médicos para fazer os atendimentos. Além do déficit de profissionais, o presidente do SinMed, Jorge Darze, denuncia as condições de trabalho a que estão submetidos os médicos. Segundo ele, o ofício do médico regulador - que atende as chamadas feitas ao 192 - não é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Além disso, muitas vezes a consulta é feita pelo telefone, o que fere artigos do código de ética.

- Muitas vezes eles têm que decidir se o caso precisa de consulta ou só uma orientação por telefone. Às vezes, a ambulância demora a chegar e se acontece algo, o médico é quem será responsabilizado por isso - diz Darze.

A subsecretária estadual de Saúde, Alcione Athayde,alega que o acordo assinado entre os governos federal e estadual, no dia 21 de junho, previa três meses para a implantação total do Samu, que foi incorporado ao programa Emergência em Casa, da secretaria.

- Acho estranho que até agora o sindicato não me procurou para fazer as reivindicações ou sequer conhecer o programa, o que compromete qualquer análise. Houve uma implantação parcial bem-sucedida - rebate Alcione, acrescentando que o governo cumpriu as duas primeiras etapas do convênio, entregando 35 ambulâncias.

Ela admitiu, entretanto, que alguns dos médicos contratapor seis meses prorrogáveis para atuar no Samu estão faltando os plantões.

- O índice de faltosos chegou a 20% mas a situação já está melhorando. Não deixamos ninguém sem socorro - disse.

O SinMed denuncia, entretanto, que dos 140 médicos previstos trabalham só cerca de 100 no Samu do município do Rio. Destes, cerca de 30 são médicos reguladores que ganham uma média de R$ 2 mil, atendendo a cerca de 400 chamadas por plantão de 24 horas. Os salários estão atrasados há um mês e as condições de trabalho são precárias, segundo Darze.

- Muitas vezes o médico que atende o telefone é o mesmo que vai na ambulância. Faltam locais adequados para as refeições, móveis ergonômicos e os head fones têm problemas - acrescenta o presidente do SinMed.

O sindicato denuncia ainda que das 74 ambulâncias previstas apenas 43 estão em operação e, das 110 linhas telefônicas, só 20 estão em operação. Darze criticou ainda a implantação de um sistema de câmeras que monitora o trabalho dos médicos diariamente.

- Vamos tentar nos reunir com o ministro este fim de semana para tratar do Samu e cobrar providências - declarou Darze.