Título: Dívida pública bate recorde em junho
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 22/07/2005, Economia & Negócios, p. A21

Mesmo com a manutenção da taxa básica de juros em 19,75% ao ano em junho, a dívida interna em títulos federais manteve o ritmo de crescimento. O avanço do estoque no mês passado foi de 1,98%, levando o passivo a atingir, pela primeira vez, a cifra de R$ 905 bilhões, de acordo com a nota conjunta do Tesouro Nacional e do Banco Central divulgada ontem. A expansão em relação a maio - quando estava em R$ 887,9 bilhões - deveu-se à incidência de juros sobre a dívida, de R$ 13,28 bilhões, e a novas emissões.

Um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da dívida é a elevada participação dos papéis cuja remuneração acompanha a Selic. Quanto mais alta estiver a taxa, maior é o valor que o governo tem que pagar pelos juros dos títulos. Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve os juros a 19,75% ao ano. No entanto, segundo os dados do Tesouro, a participação desses títulos em poder do público apresentou uma leve redução, no mês de junho, passando de 57,8% para 57,1%. Isso foi possível porque o governo fez um resgate líquido de R$ 4,3 bilhões de Letras Financeira do Tesouro (LFT). Porém, a participação desses títulos está um acima do estabelecido pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), que é de 47% a 57%.

A parcela em poder do público de títulos prefixados, portanto não sujeitos diretamente às oscilações do mercado e da Selic, aumentou de 22,1% para 23% em um mês. Esse aumento é resultado da emissão líquida de R$ 9 bilhões. O resultado está dentro da margem de 20% a 30% estabelecido pelo PAF.

Já a parte da dívida remunerada pela variação da taxa de câmbio passou de 3,7%, em maio, para 3,6%, em junho, reflexo da apreciação do real em relação ao dólar no mês, de 2,22%.

- O resultado está dentro do planejado pelo governo, que é reduzir o volume da dívida pós-fixada - afirma Paulo Valle, coordenador da Dívida Pública.

A nota conjunta do BC e Tesouro informa, ainda, que o prazo médio de vencimento das emissões aumentou de 22,9 meses em maio para 27,1 meses em junho. Esse prazo está abaixo do intervalo de 28 a 34 meses previsto no PAF. Segundo Valle, o governo se ajustará ao PAF com relação ao prazo até o final do ano.

- É só uma sazonalidade. O prazo vai continuar a aumentar.