Título: Valério beneficiou mais dois deputados
Autor: Josie Jerônimo e Paula Barcellos
Fonte: Jornal do Brasil, 29/07/2005, País, p. A3

Mais dois parlamentares caíram na rede de beneficiários das contas das empresas de Marcos Valério. Os deputados Romeu Queiroz (PTB-MG) e João Magno (PT-MG) receberam dinheiro da SMPB, no Banco Rural.

João Magno recebeu duas transferências bancárias em setembro de 2003, no valor total de R$ 29 mil. Uma das transferências ocorreu dia 18 de agosto, no valor de R$ 25 mil. A outra, de R$ 4 mil, foi no dia 18 de setembro. Ele afirmou, ontem, que pediu extratos detalhados de suas contas bancárias. Romeu Queiroz recebeu R$ 50 mil em uma única parcela, em agosto de 2004.

O surgimento dos dois parlamentares reforça o envolvimento do deputado José Mentor (PT-SP) e do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) com o esquema de financiamento de campanhas. Mentor, que recebeu dois cheques de R$ 60 mil, foi apresentado a Valério por João Magno.

O petista é acusado de engavetar as investigações de um esquema de lavagem dinheiro via doleiros e off-shore. Romeu Queiroz responde a ação no Supremo Tribunal Federal, referente à alienação extrajudicial dos bancos estaduais Bemge e Credireal. Eduardo Azeredo (PSDB) e o atual ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PL), além do ex-ministro do Transporte, Anderson Adauto (PL), também respondem à ação.

Romeu Queiroz já se envolveu em outro escândalo. Em 2001, ele foi personagem de um esquema de leasing (compra a prestações) de carros com dinheiro que a Câmara dava aos parlamentares para aluguel de automóveis. Os contratos eram fechados com empresas do filho do parlamentar, conforme publicou o Jornal do Brasil na época.

O deputado Paulo Rocha (PT-PA), que figurou na lista dos beneficiários de Valério que apontou saques de sua assessora, enviou carta ao JB argumentando que os saques de R$ 470 mil, feitos por Anita Leocádia, foram utilizados integralmente na quitação de dívidas eleitorais do comitê do PT no Pará. Luiz Piauhylino (PDT-PE), ex-corregedor da Câmara, divulgou nota esclarecendo que não concluiu a sindicância que investigava o mensalão em setembro de 2004, porque o autor da denúncia, deputado Miro Teixeira (PT-RJ), retirou a acusação dizendo serem falsas as referências feitas pelo JB.